Expressão comum entre os americanos, “There is no free lunch” (não existe almoço grátis, em português) foi usada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa para explicar como funcionam indicações políticas para cargos do governo. Em 11 de fevereiro, ele prestou depoimento complementar à delação premiada firmada com o Ministério Público Federal em 2014.

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Para Costa, não se indica alguém para um cargo político sem querer nada em troca. O relato foi gravado em vídeo pela força tarefa da Operação Lava Jato.

“É aquela velha história, não tem almoço de graça. Se um político indica para ser ministro dos Transportes fulano de tal é porque tem interesse depois que alguma coisa reverta para o partido, quer seja a nível de ministro, quer seja a nível de secretário executivo, quer seja a nível técnico”, afirmou.

Costa é o primeiro delator do esquema de corrupção e propina instalado na estatal petrolífera e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato. Ele foi preso duas vezes entre março e agosto de 2014 e, desde o fim do ano passado, cumpre prisão domiciliar.

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No depoimento, ele contou como se tornou diretor de Abastecimento, em maio de 2004, indicado pelo PP. O delator disse que, naquele ano, foi procurado pelo ex-deputado José Janene, morto em 2010, para que ocupar a vaga na diretoria.

“Ele (Janene) falou assim: Paulo, vê o que nós podemos fazer, que empresas podem participar, que possam nos ajudar. Nunca discuti com ele valores, porcentuais. Mas obviamente que ele tinha interesse, como qualquer político que indique qualquer pessoa para qualquer Ministério, ninguém faz isso de graça.”

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Segundo Costa, ele foi o único membro das diretorias da Petrobrás a ocupar o cargo após o início do mandato do primeiro governo Lula, em janeiro de 2003. O delator afirmou que a área de Abastecimento é um setor ‘muito sensível’, pois supre o Brasil de derivados. Por isso, contou, o PT resolveu esperar para fazer a troca na diretoria.

“Até aquele momento que eu assumi lá, não existia possibilidade de um diretor ir para uma diretoria se não tivesse respaldo político. Se alguém falar que existia, não está falando a verdade. Não existia. Você podia ser um técnico brilhante, você ia morrer ali”, afirmou.

O PP, com PT e PMDB, são suspeitos de lotear diretorias da Petrobrás para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel.