O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende lançar sua candidatura à reeleição na última semana de janeiro, depois do dia 20. Sentado numa poltrona de tecido bege, acomodada no gabinete do presidente Michel Temer, no terceiro andar do Palácio do Planalto, Maia parece estar seguro de sua reeleição ao comando da Câmara, em 2 de fevereiro, mas evita falar sobre as negociações para a composição da Mesa Diretora da Casa.

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Esta é a quinta vez que o deputado ocupa interinamente a Presidência da República, em razão das viagens de Temer, mas não chega nem perto da cadeira do peemedebista. “Não sento lá de jeito nenhum”, diz Maia, que não admite ser supersticioso.

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Temer também não, mas logo mandou mudar a cadeira onde a então presidente Dilma Rousseff despachava, até maio do ano passado, em frente de uma escrivaninha. Na pressa, seus assessores encaixaram ali uma peça de escritório, destoando do mobiliário do período de Getúlio Vargas, mas o acervo do Planalto já está providenciando outro assento.

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“Que coisa! Uma mesa tão bonita dessas com essa cadeira horrorosa, que descaracteriza o ambiente”, comentou Maia. O deputado também não gostou da troca de quadros no gabinete. Com o encerramento do contrato de comodato, as obras foram devolvidas ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.

“A decoração aqui era muito bonita e as obras já estavam incorporadas ao Palácio”, disse o presidente da Câmara. Agora, atrás da cadeira em que Maia se recusa a sentar, por exemplo, está um quadro de Volpi. Antes, as paredes do gabinete eram enfeitadas por dois quadros de Djanira – Praia do Nordeste e Colheita de Banana.

Temer gosta de móveis claros e também substituiu o couro preto do conjunto Navona pelo linhão, nas poltronas e no sofá. Na mesa de trabalho está uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, ao lado da Bíblia e de um exemplar da Constituição. Perto do telefone repousa uma estátua de Jesus Misericordioso.

A reportagem quis saber de Maia se ocupar o cargo de Temer, ainda que interinamente, ajudava na sua campanha à reeleição. “Não ajuda nem atrapalha. Nunca assumi a Presidência para tomar nenhuma atitude que não seria tomada pelo presidente Michel Temer”, respondeu ele, que nesta terça-feira, 10, sancionou, sem vetos, o Orçamento da União de 2017. E qual a sensação de comandar o País, mesmo que apenas por um ou dois dias? “É uma honra muito grande. Cada vez é uma sensação diferente.”

Sorridente, Maia preferiu não responder às críticas do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), seu adversário na disputa pelo comando da Câmara, nem comentar o lançamento da candidatura de Jovair Arantes (PTB-GO), nesta terça-feira. Em vídeo divulgado nesta segunda-feira, 9, Rosso disse que a campanha do presidente da Câmara – apoiada pelo Planalto – trazia “insegurança jurídica e instabilidade institucional”.

A Constituição proíbe a recondução do presidente da Câmara na mesma legislatura. Aliados de Maia, porém, lembram que ele foi eleito para mandato-tampão, substituindo Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – hoje preso pela Lava Jato – e, nesse caso, a norma não pode ser aplicada. Desde o início do ano, o deputado tem dito que acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre essa disputa é uma “incoerência”, já que se trata de uma “questão interna” da Câmara.