Petrobras

‘Não há uma prova sequer contra Graça’, diz ministro

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, defendeu nesta quinta-feira, 15, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e membros da atual diretoria, isentou-os de envolvimento com os escândalos de corrupção envolvendo a estatal e disse estar “otimista” com os rumos da empresa. Para o ministro, a companhia enfrenta uma “convergência de fatores negativos” e seu maior problema é que as empresas contratadas para fazer parte de seus investimentos estão “enroladas” na Operação Lava Jato.

“Até hoje, não há uma prova sequer contra Graça Foster. Até hoje, não há uma prova sequer contra esses diretores que aí estão. Não seria justo, vendo o esforço que a Petrobras está fazendo com seus técnicos e sua diretoria, de recuperação de gestão e eficiência, puni-los sem dar a chance para que apresentem os resultados que a Petrobras aponta que apresentará”, afirmou Braga, em entrevista exclusiva ao Broadcast, ressaltando que mudanças no conselho de administração já estão em estudo pelo governo.

A fala do ministro é uma resposta indireta às manifestações do advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, que considerou arbitrária a prisão do executivo nessa quarta e chegou a dizer que, se ele foi preso, Graça Foster também deveria ser. Cerveró foi detido a pedido do Ministério Público Federal, que o acusou de ter realizado transações financeiras para ocultar seus bens.

Braga justificou seu “otimismo” com os rumos da estatal alegando que há “duas Petrobras”, uma que está “sob investigação” e outra que é uma “instituição brasileira”, responsável por parte do planejamento do setor energético.

O posicionamento do ministro ocorre em meio às manifestações do Ministério Público Federal do Paraná, que afirmou que não há indicativos de que o esquema criminoso na Petrobras foi estancado. “Pelo contrário, há notícias de pagamentos de ‘propinas’ efetuados por empresas para diretores da Petrobras mesmo em 2014”, assinala a Procuradoria da República no pedido de prisão preventiva do ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró, preso na madrugada de quarta-feira.

Preço do barril

A convergência de fatores negativos, afirmou Braga, “atropelou” a Petrobras. “Teve a Lava Jato e veio a queda do preço do barril de petróleo”, disse.

“A queda do preço do barril, se por um lado ajuda a Petrobras porque facilita o fluxo de caixa, por outro lado faz com que os desafios para os estudos econômicos dos investimentos no pré-sal sejam cada vez mais desafiadores”, completou Braga, lembrando que, há seis meses, ninguém imaginava que a cotação do barril de petróleo poderia estar abaixo de US$ 60,00.

Investimentos. Apesar disso e embora a Petrobras já tenha anunciado, após o adiamento da publicação de seu balanço do terceiro trimestre do ano passado, que tomará medidas para preservar o caixa, Braga refutou queda nos investimentos da estatal neste ano.

“Os investimentos deste ano estão em curso. O que tem problema nos investimentos é que as empresas que estavam contratadas estão enroladas na Lava Jato. E isso precisa ter uma saída jurídica. Isso traria um prejuízo para o País incalculável”, disse.

O ministro ponderou que a contratação de companhias substitutas depende de licitação e que há outros caminhos, como as prestadoras de serviços envolvidas nos escândalos de corrupção firmarem acordos de leniência ou termos de ajustamento de conduta com o Ministério Público.

“Talvez o melhor caminho não seja anular os contratos e trazer empresas estrangeiras. Elas virão por que preço? Como vai ser a licitação? Isso que atrasaria os investimentos. O problema da Petrobras é a captação de recursos para a contratação de futuros investimentos”, completou o ministro.

Braga cumpriu agenda no Rio na manhã desta quinta-feira, onde gravou entrevista para o canal por assinatura GloboNews e, em seguida, reuniu-se com a equipe da Empresa de Planejamento Energético (EPE).

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