O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ser o principal responsável pelo esquema de carte e corrupção na Petrobras, comandado por partidos da base aliada e que beneficiou também a oposição. Segundo ele, o esquema beneficiou o “chefe do governo”.
“Ninguém está imune à investigação, seja aqui em Curitiba, seja em Brasília”, disse. “Estamos apurando essa hipótese (de Lula ser o líder). Certamente o governo dele foi um dos grandes beneficiários pela compra desse apoio político-partidário. Investigamos se houve alguma vantagem ao senhor Luiz Inácio”, afirmou o procurador, durante entrevista na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
O procurador afirmou que a Lava Jato em Curitiba não investiga a presidente Dilma Rousseff, por uma questão de competência – a presidente só pode ser investigada pela Procuradoria Geral da República em processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o chefe do Executivo é sempre o principal beneficiado em um esquema de compra de apoio político-partidário.
“Já dito pelo procurador geral da República e por nós aqui da Lava Jato, este esquema Petrobras e de outras empresas é um esquema de compra de apoio político-partidário. É somente nesse sentido que há a vinculação de um benefício”, explicou Santos Lima.
“O beneficiário sempre será o atual chefe do governo. Só nesse aspecto que existe o nome da presidente. Não há nenhum dado ou indício dela investigado na Operação Lava Jato, aqui em Curitiba.”
Partidos
Questionado sobre eventual apuração envolvendo outros governos, Lima explicou que a apuração está focada no esquema sistematizado montado na Petrobras, descoberto a partir da ligação do doleiro Alberto Youssef com o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa – primeiro delator do processo.
“Há muita confusão a esse respeito. As investigações da Lava Jato em Curitiba se iniciaram em decorrência da prisão de quatro doleiros e nessas investigações é que chegamos ao nome de Paulo Roberto Costa. Todas as investigações decorrem dessa descoberta.”
Santos Lima afirmou que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba tem limitações legais. “Nós não somos procuradores de todo o Brasil, de todos os fatos. Há muitos outros procuradores e há muitas outras equipes da Polícia Federal e investigações autônomas. Não me cabe aqui iniciar qualquer investigação que tenha o objeto inicial ou derivado daquele encontro de pagamento feito ao Paulo Roberto Costa na Petrobras.”
“Não cabe fazer uma analise se eu deva invetigar partido A ou partido B. Mas todos os partidos são investigados em decorrência da fraude na Petrobras”, afirmou.