O presidente em exercício, Michel Temer, disse que “não fará bem ao País ter dois presidentes no início dos Jogos Olímpicos e na cerimônia de abertura”, em sua primeira entrevista concedida à imprensa internacional desde que assumiu o comando da Presidência.
Durante a conversa com a repórter Lally Weymouth, do jornal americano Washington Post, Temer abordou diversos assuntos da política nacional e foi confrontado sobre os problemas de seu governo, que já viu três ministros serem afastados por acusações de corrupção. A entrevista foi publicada nesta quinta-feira.
Ao ser perguntado sobre os desafios de atuar sob tais condições, Temer disse que a Operação Lava Jato não compromete as ações do governo e reiterou que apoia as investigações.
Weymouth perguntou sobre a veracidade da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que disse à Polícia Federal que o peemedebista teria pedido dinheiro para um candidato que disputava a Prefeitura de São Paulo, em 2012. “Eu gostaria de destacar que eu estou na vida pública há 33 anos. Fui presidente da Câmara três vezes. Eu fui eleito vice-presidente deste país por duas vezes. Então nunca teria que me dirigir ao senhor Sérgio Machado para pedir qualquer coisa”, respondeu.
O presidente em exercício disse que não acha que a corrupção seja endêmica no sistema político do País, mas sim “individualizada”, e criticou o grande número de partidos políticos. Sobre a presidente afastada, Dilma Rousseff, Temer afirmou que “ela pode ter cometido crimes administrativos, mas eu não a chamaria de corrupta”.
Ao ser questionado se não via problema em exigir um “enorme sacrifício econômico” por parte do povo brasileiro mesmo não tendo sido eleito presidente, Temer negou a existência de um golpe no Brasil. “Eu fui eleito vice-presidente”, respondeu. “Apenas há golpe se você violar a Constituição, e esse não é o caso.”
Sobre a política econômica, ele disse que não vai propor novos impostos agora e que está considerando a redução da dívida pública.
Temer minimizou a ameaça do vírus zika durante os Jogos do Rio de Janeiro, argumentando que há um trabalho de combate ao mosquito e que o inverno trabalhará a favor da não proliferação do transmissor. (Matheus Maderal – matheus.maderal@estadao.com)