O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse nesta quinta-feira, 4, que a força-tarefa da Operação Lava Jato trabalha com a convicção que ainda há corrupção e desvios na Petrobras. Pela manhã, a Polícia Federal prendeu três ex-gerentes da área de Gás e Energia da estatal, suspeitos de receberem de mais de R$ 100 milhões em propinas de empreiteiras que eram contratadas pela estatal.

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“Fica claro que há muito trabalho ainda a ser feito na própria Petrobras”, disse o procurador em meio à entrevista em Curitiba sobre a fase 40 da Lava Jato, que prendeu ex-gerentes da estatal petrolífera.

“Nada garante que nós tenhamos hoje, realmente, uma empresa limpa de toda a corrupção do seu passado”, afirmou Santos Lima.

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A Lava Jato descobriu que, a partir de 2003, a corrupção se instalou em diretorias estratégicas da Petrobras – Abastecimento, Serviços e Internacional, todas controladas politicamente pelo PP, PT e PMDB. A partir de 2004, estes setores da empresa abriram as portas para um sólido cartel de empreiteiras que criaram uma máquina de propinas para assegurar contratos bilionários, segundo os investigadores.

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A Lava Jato 40, deflagrada nesta quinta-feira, mira em contratos e propinas no âmbito de outra área, a Diretoria de Gás e Energia.

Os investigadores constataram que os pagamentos de propinas a ex-gerentes da Diretoria de Gás se estenderam até 2016 – ou seja, até dois anos depois do estouro da Lava Jato.

Santos Lima revelou perplexidade com o que chamou de “ousadia dos criminosos”, ao observar que “essa conduta criminosa” se prolongou até o ano passado. “Além da ambição de manter patrimônio a salvo usaram a legislação da repatriação para lavar dinheiro.”

“Mesmo hoje, trabalhando em cima de casos com ex-gerentes, certamente ainda vamos descobrir muitas pessoas na ativa (na estrutura da Petrobras) que também tiveram participação em fatos criminosos”, destacou o procurador.

Asfixia

A fase 40 da Lava Jato investiga os crimes de fraude à licitação, corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em mais de uma dezena de licitações de grande porte da Petrobras, que foram fraudadas pelo grupo criminoso.

De acordo com as investigações, mediante o pagamento de vantagem indevida, os ex-gerentes da pasta agiam para beneficiar empreiteiras em contratos com a Petrobras, direcionando as licitações para as empresas que integravam o esquema.

Os pagamentos eram intermediados por duas empresas de fachada que simulavam prestação de serviços de consultoria com as empreiteiras e repassavam as vantagens indevidas para os agentes públicos.