Sem entrar diretamente na discussão sobre a descriminalização do aborto, tema que tem dominado boa parte da campanha presidencial do segundo turno, o programa eleitoral de José Serra (PSDB) na noite desta terça-feira destacou em três momentos cenas de recém-nascidos. O candidato defendeu o direito à vida em um país livre e que respeita os princípios cristãos. Do outro lado, o programa de Dilma Rousseff (PT) deu prioridade às comparações entre as realizações do governo Lula e as do governo de Fernando Henrique Cardoso, do qual Serra foi ministro. Desta vez, as comparações deixaram de lado o nome do ex-presidente e focaram as críticas no candidato Serra.

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O programa tucano começou mostrando a imagem de um exame de ultrassonografia, enquanto um locutor dizia ao fundo: “Ter um filho não é uma escolha. São várias. É escolher acreditar no futuro. Acreditar que dá para fazer mais. É escolher trabalhar incansavelmente por um mundo melhor, por um país melhor. É escolher acreditar no trabalho honesto, nas ideias firmes. É escolher a vida.”

Em outra cena exibindo bebês, Serra afirma que “não há nada mais bonito do que este Brasil que nasce a cada dia”. No encerramento do programa, o candidato reforçou o discurso, sem tocar no tema aborto. “O dia 12 de outubro é Dia da Criança e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Por isso, antes de terminar, quero deixar uma palavra de esperança. Que nossas crianças nasçam e cresçam num Brasil livre com bons exemplos de união, de fé e respeito à liberdade e aos valores cristãos”, disse o candidato.

Serra voltou a frisar que pretende tornar a economia forte, com criação de empregos de forma permanente, o que requer um governo que combata a inflação e a corrupção. O programa investiu novamente na comparação das biografias dos dois candidatos. Na apresentação de bonecos com a caricatura dos dois candidatos, recurso já utilizado várias vezes, o programa inovou: desta vez, em vez de estar vazio, o boneco representando Dilma continha uma fotografia do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

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O programa da petista começou destacando Dilma como a mulher que coordenou todos os ministérios do governo Lula ao chefiar a Casa Civil. Uma mulher que “pensou em primeiro lugar na família brasileira e que, por isso, criou o Luz Para Todos e iluminou milhões de casas pelo Brasil afora, fortaleceu o Bolsa Família e levou comida para muita gente.” Em seguida, trouxe o testemunho do vice-presidente da República, José Alencar. “Já passamos mais de cem anos da República e tivemos raros momentos em que o Brasil foi tão bem conduzido como pelo presidente Lula e sua equipe. Dilma foi a principal peça dessa equipe. Então, ela tem condições excepcionais para dar continuidade a tudo aquilo que possa ter sido merecedor de aplausos do povo brasileiro”, disse.

Dilma prometeu dobrar o número de moradias construídas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida de 1 milhão até o fim deste ano para 2 milhões nos próximos quatro anos. O locutor disse que, quando Serra foi ministro de FHC, o Brasil conviveu com um enorme déficit habitacional e que, “na época que Serra governou São Paulo, aconteceu a mesma coisa. O resultado é que o nosso Estado mais rico, governado há 16 anos pelos tucanos, tem o maior déficit habitacional do País.”

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O programa de Dilma abordou ainda os programas de transferência de renda do governo Lula e disse que São Paulo, durante a gestão de Serra, não apoiou o Bolsa Família. Segundo a propaganda petista, o único programa de transferência de renda no Estado de São Paulo, o Bolsa Cidadã, atende apenas 140 mil famílias.

“Essa é outra diferença fundamental entre os dois governos que estão aí. No nosso governo, 28 milhões de brasileiros saíram da miséria. No governo passado isso jamais teria acontecido porque o Brasil era governado para poucos. O nosso enfoque é outro. É melhorar a vida de toda a população”, disse Dilma.