Enquanto divide o papel de cabo eleitoral dos candidatos da base do governo com o governador Roberto Requião (PMDB), que não tem agenda disponível para atender a todos os chamados dos peemedebistas e aliados na disputa municipal deste ano, o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) aproveita para lançar as sementes do seu próximo projeto eleitoral: a sucessão estadual de 2010.
O ex-deputado estadual e ex-secretário da Agricultura conhece cada palmo do interior e sabe que os eleitos de outubro deste ano podem ser importantes peças para ajudar a convencer Requião e o PMDB a lhe proporcionar a chance de disputar a eleição para o governo. E onde não está sozinho na disputa, já que nutrem a mesma expectativa o líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e onde até uma parte do PMDB sonha com uma parceira com o senador Alvaro Dias (PSDB).
“Todos que têm um mandato gostariam de ser candidato ao governo e ao Senado. Um dia desses, depois da eleição, nós vamos ter que sentar para conversar, nós, os deputados, o partido, o Requião, para tomar uma decisão sobre 2010”, comentou.
Cauteloso, já que o assunto sucessão de 2010 não costuma ser muito bem recebido pelo governador, Pessuti enfatiza que ainda não é pré-candidato e que está trabalhando para criar as condições de chegar no próximo ano e postular a indicação. “Primeiro, nós temos que eleger o maior número de companheiros nos municípios. Em segundo lugar, vamos trabalhar em 2008 e 2009 para chegar em condições de receber o apoio do PMDB e aliados. Eu estou construindo essas condições”, disse.
Pé na estrada
Há quinze dias, Pessuti interrompeu o repouso forçado por problemas na coluna lombar e colocou o pé na estrada. O vice-governador diz que até outubro, pretende ir a pelo menos duzentas das 248 cidades, onde o PMDB lançou candidatos a prefeito e vice-prefeito. “É muito difícil estar em todos os lugares onde nos chamam. Vou no maior número possível de municípios porque a saída é dar uma “beliscada” aqui e ali. Já fiz a conta. Para ir a 390 municípios do Estado teria que visitar seis por dia. Impossível”, calculou o vice-governador.
Em duas semanas de andanças pelos municípios do interior do estado, o vice-governador conseguiu fazer agenda em trinta cidades. Em cada uma delas, Pessuti participou de carreatas, caminhadas e até comícios, que no interior ainda são realizados, apesar da proibição dos shows e apresentações musicais pela legislação eleitoral. No caso, às vezes, por falta das atrações artísticas, a atração acaba sendo mesmo o vice-governador do Estado. Em algumas reuniões, ele até arrisca tocar o berrante, um talento que revelou em campanhas anteriores. E assim, o vice-governador vai tocando o seu berrante pelo interior, mas não muito forte, para não chamar atenção dos que podem interromper sua caminhada.