O Conselho Consultivo da presidência do Partido dos Trabalhadores fez nesta segunda-feira, 21, na capital paulista sua primeira reunião, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores, ex-ministros, intelectuais e correligionários da sigla. Após o encontro, que foi a portas fechadas, sem acesso da imprensa, o presidente do partido, Rui Falcão, disse, em entrevista coletiva, que foi discutida a necessidade de mudanças na atual política econômica do governo da correligionária Dilma Rousseff. “Especialmente, iniciando com a queda na taxa de juros.” A proposta será encaminhada ao governo.

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Atualmente, mesmo com o cenário recessivo na economia, os juros seguem em seu maior nível em nove anos, desde julho de 2006, com a taxa Selic em 14,25% ao ano. Após sete aumentos seguidos nos juros básicos da economia, implementados em outubro do ano passado, assim que terminaram as eleições presidenciais, quando Dilma foi eleita para o segundo mandato consecutivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic inalterada em 14,25% na última reunião do colegiado, no início deste mês.

Para setores do PT, as elevadas taxas de juros inibem o consumo e travam ainda mais a economia, o que agrava o cenário de crise e recessão. Na rápida entrevista após a reunião, que durou cerca de quatro horas, Falcão defendeu também a promoção de mudanças tributárias “maiores do que as que estão propostas”, como as que recaem sobre lucros e dividendos, sobre ganhos dos rentistas e de grandes heranças e grandes fortunas. “Precisamos, ainda, no médio prazo, de uma grande reforma tributária que mude a base do sistema, que incida mais sobre a propriedade e riqueza e menos sobre produção e salário.”

Sobre a recriação da CPMF, o dirigente petista defendeu a medida, destacando, contudo que foi discutida a possibilidade de ela tramitar no Congresso Nacional não como Proposta de Emenda à Constituição (PEC), mas como Projeto de Lei Complementar (PLC). Todas as propostas discutidas no encontro de hoje serão levadas ao governo Dilma.

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Bastidores

Participantes da reunião disseram ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que o diagnóstico feito da atual situação do País é preocupante. A avaliação é que as discussões em torno de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se dão mais no âmbito político, porque no jurídico não há, até o momento, amparo legal para a medida.

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Com base neste diagnóstico, ficou acertada uma agenda de atividades em defesa da gestão e do mandato de Dilma Rousseff. Um dos participantes do encontro reconheceu, contudo, que será muito difícil levar o funcionalismo público federal – cujo aumento salarial foi congelado – a sair às ruas para a defesa da gestão da petista.

Vaccari

Rui Falcão e outros correligionários da sigla evitaram falar da condenação do ex-tesoureiro da sigla João Vaccari Neto, anunciada hoje pela Justiça. Na coletiva, o presidente nacional do PT disse que partido iria soltar uma nota a respeito e que ele só iria se pronunciar quando a sentença estivesse transitada e julgada.