O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB-RR), classificou nesta quinta-feira (29) a política indigenista do governo Lula de "inconseqüente, incoerente e irresponsável". Em palestra no Clube da Aeronáutica, no Rio, ele disse que o governo federal não tem condições de garantir a cidadania dos índios e vem cedendo às pressões internacionais para demarcar áreas de reserva junto à fronteira.
"A Funai (Fundação Nacional do Índio) é um órgão para servir às ONGs (organizações não-governamentais) e luta pela demarcação para justificar sua existência. Porque quem está levando saúde e educação aos índios é o governo de Roraima, apesar de ser uma obrigação do governo federal", afirmou.
Para Anchieta Júnior, os índios "estão sendo usados como bode expiatório". O governador ironizou a situação, afirmando que é uma "coincidência" as áreas de reservas indígenas estarem sobrepostas às de riquezas minerais. O governador diz ter tido acesso a prestação de contas de uma das principais ONGs, a Comunidade Indígena de Roraima (CIR), que luta pela demarcação em áreas contínuas à reserva Raposa Serra do Sol.
De acordo com ele, a ONG teria recebido R$ 14 milhões da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) nos últimos dois anos e gasto R$ 12 milhões apenas com a folha de pagamento e encargos, segundo Anchieta Júnior. Além disso, teria recebido doações internacionais de empresas, entre elas, a Fundação Ford.
