O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT/MS) – preso na manhã desta quarta-feira, 25, por ordem do Supremo Tribunal Federal – sugeriu que o ex-diretor da área Internacional Nestor Cerveró fugisse do País pelo Paraguai. Em reunião com o advogado Edson Ribeiro, defensor de Cerveró, e o filho do ex-diretor da estatal, Bernardo Cerveró, o senador afirmou que “a hora que ele sair tem que ir embora mesmo”.
Segundo o Ministério Público Federal, os interlocutores na conversa gravada “discutem, abertamente, meios e rotas de fuga de Nestor Cerveró do Brasil na hipótese de o STF lhe conceder ordem de habeas corpus”. A conversa foi gravada pelo filho de Cerveró, Bernardo, que participou de uma reunião com Delcídio e o advogado da família, Edson Ribeiro.
“Eles contemplam, ostensivamente, a finalidade de evitar nova custódia cautelar e a violação de dispositivo pessoal de monitoramento eletrônico (tornozeleira) – o senador Delcídio Amaral chega a sugerir que o Paraguai seria rota de fuga mais indicada, em vez da Venezuela, e que, para Nestor Cerveró chegar à Espanha por transporte aéreo privado, a aeronave indicada seria um Falcon 50, que “não para no meio”, isto é, não precisa fazer escala técnica”, diz o procurador.
O advogado Edson Ribeiro, embora ao final desse segmento da conversa ressalve que talvez fosse melhor “por enquanto” que Nestor Cerveró não deixasse o Brasil, mostra-se integralmente disposto a auxiliar na fuga, não só discutindo rotas e meios, como também mencionando a que empresa Rico Linhas Aéreas pertence a amigo seu, que poderia ser acionado.
Confira-se o impressionante segmento em que um Senador da República discute abertamente, incentiva e dá sugestões sobre as perspectivas de fuga de Nestor Cerveró para a Espanha, ainda que ele venha a estar sob monitoramento mediante tornozeleira eletrônica
Segundo o Ministério Público Federal, o senador ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50 mil mensais à família de Nestor Cerveró. O parlamentar prometeu também “intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”.
Procuradoria afirma que o líder do governo “contou com o auxílio do advogado Edson Ribeiro, que, embora constituído por Nestor Cerveró, acabou por ser cooptado pelo congressista”. Segundo Janot, o advogado Edson Ribeiro passou, efetivamente, a proteger os interesses do senador.
Nestor Cerveró fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, despertando o temor de Delcídio. O líder do governo tinha receio de que Cerveró o envolvesse no esquema de propinas na Petrobras.