A partir de março, a nova composição da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) vai impor ao governador João Doria (PSDB) negociar a formação de uma maioria para cada projeto de lei. Diferentemente da confortável situação de seus antecessores, o ex-prefeito não terá em seu partido a maior bancada da Casa – papel agora do PSL, que promete se manter independente ou mesmo migrar para o Centrão, comandado hoje pelas legendas que não apoiaram o tucano na eleição.
Filho do agora ex-governador Márcio França (PSB), derrotado por Doria em segundo turno, o deputado Caio França, do mesmo partido, afirma que o bloco formado para a eleição segue unido. “O Estado foi dividido ao meio pelos eleitores. Isso não pode ser desconsiderado”, afirmou, em referência à diferença de apenas 3% de votos com que Doria venceu a disputa. “Caberá a nós cobrar do governo eleito o que foi prometido na campanha.”
Mas, segundo França, essa posição classificada por ele como “totalmente independente” não significa oposição radical, mas construtiva. “E sem revanchismo, apontando o caminho”, completou. O bloco mencionado pelo parlamentar inclui representantes de partidos como PV, PTB e PR.
Já o PP, que chegou a anunciar apoio a França, mas recuou e fechou aliança com Doria, também pode participar do centrão que se forma na Alesp, de acordo com a avaliação feita sobre a gestão do tucano.
“Nós apoiamos o Doria na campanha, quando foram feitos alguns acordos. Agora, vamos aguardar o cumprimento deles, temos coisas a acertar com ele. Não estaremos alheios a nada. Se ocorrerem coisas que não nos agradem, como na Segurança Pública, pode ter certeza de que vamos nos manifestar contra. Hoje, até somos base, mas o amanhã a Deus pertence”, disse Coronel Telhada, que trocou o PSDB pelo PP no ano passado.
Pré-candidata à presidência da Casa, Janaína Paschoal – deputada mais votada do País, com 2 milhões de votos – afirmou que a posição do PSL está clara. “Nós seremos independentes. O que significa ser independente: apoiar o que for bom para o Estado e rejeitar tudo o que não for bom. A verdade é que a postura da nossa bancada é a aquela que deveria ser de todo o Legislativo.”
Janaína ressaltou que os 15 parlamentares do partido vão avaliar projeto a projeto, sem vestir o figurino da base ou da oposição. “Para mim, soa muito estranho dizer: ‘olha vocês são base’. Então, quer dizer que vamos apoiar qualquer coisa? Vamos é ter um olhar técnico a cada projeto. Se o governador andar bem, ele vai ter a maior aliada que ele poderia querer na vida dele. Se andar mal, terá bastante dificuldade.”
Atual presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB) assegurou que Doria não terá dificuldades para aprovar seus projetos. “Acho que João vai ter governabilidade sim. O cenário é diferente, mas sinto, por parte dos novos parlamentares, vontade de dialogar. Essa deve ser a postura, não só ser oposição ou situação. Mas a construção de uma base de governo demora, isso vai se construir ao longo do tempo”, disse.
Para o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), que acumula desde ontem o cargo de secretário de governo, a relação com a Alesp será tranquila. “Acredito que os deputados serão parceiros do governo nos principais projetos. A eleição passou. Tenho expectativa de que a ampla maioria vai apoiar nossas propostas de um Estado mais eficiente, menor, que gaste mais com as pessoas e menos com a máquina pública. Agora, o momento é de governar para todos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.