Em sua primeira semana de gestão da capital, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), mandou fechar um dos guarda-volumes destinados a moradores de rua no Centro da cidade. Em um post no Facebook, Greca afirmou que a “era Fruet acabou” e que vai “devolver o playground – o parquinho – às crianças”. “Curitiba começa a voltar a ser Curitiba”, reforçou ele no texto.
O ponto fechado fica na Praça Osório. O serviço disponível na Rua Dr. Faivre continua. Os moradores de rua usavam o guarda-volumes para deixar pertences, como mochilas e cobertores, diariamente, das 7h às 21 horas.
Na gestão passada, estes postos foram usados como estratégia da prefeitura para atuar com moradores de rua mais resistentes às ações da Fundação de Ação Social (FAS). A justificativa, na época, era que esse público também tem pertences com valor afetivo e que vinha utilizando buracos, bueiros e cabines telefônicas para escondê-los durante o dia. Estima-se que a capital tenha hoje cerca de 1,7 mil pessoas em situação de rua.
Intimidação
Segundo a assessora da presidência da FAS, a assistente social Maria Alice Erthal, o atendimento na praça está agora concentrado na Rua Dr. Faivre, 1.212. Ali já funciona, desde abril de 2016, o primeiro guarda-volumes criado para moradores de rua de Curitiba.
“Eles [os moradores de rua] deixavam as coisas no guarda-volumes e ficavam ali pela frente. Isso inibia outras pessoas a usar a praça”, comenta a assessora, ao lembrar que, na semana passada, um grupo de moradores de rua entrou no chafariz do local para se refrescar do calor. “O prefeito solicitou que ali fosse fechado porque gostaria de devolver a praça, a cancha, para a população”, diz.
Ainda de acordo com Maria Alice, o guarda-volumes da Dr. Faivre tem capacidade para atender a demanda central. Apesar de ter cerca de 200 usuários cadastrados, a unidade da Praça Osório só vinha tendo, conforme ela, 15 pessoas utilizando o serviço por dia, quantidade semelhante à contabilizada no guarda-volumes da Dr. Faivre. Os funcionários do setor também foram realocados para a unidade.
Greca responde
Por meio das redes sociais, nesta terça-feira (10), o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, escreveu sobre o caso. “Mandei fechar o guarda volumes para moradores de rua na Praça Osório para retomar para as crianças e famílias de Curitiba o playground e aquele espaço nobre do nosso centro urbano que foi urbanizado em 1874. Recebeu, em 1878, o nome de Largo Oceano Pacífico. É Praça General Osório desde 1879. Teve coreto em 1914, construído pelo prefeito Cândido Ferreira de Abreu e demolido no início dos anos 50. Seu relógio, restaurado, por mim em 1993, relembra o primeiro lá instalado, sobre monolito de granito apicoado, obelisco dos mais elegantes do Brasil. Marca a hora oficial da cidade. O chafariz, ornamentado com sereias ou ninfas, mais cisne e nenúfares de bronze parisiense, já foi lavado esta semana em operação contra a dengue e a chicungunha (sic)”, escreveu o prefeito.