Após uma semana de reuniões e mudanças no secretariado municipal, a base de apoio ao prefeito Cássio Taniguchi (PFL) na Câmara Municipal de Curitiba voltou a se entender. A crise pela qual a situação estava passando, que envolvia problemas de relacionamento com alguns secretários, foi superada com a troca de secretários importantes, como os de Governo e da Urbs. Dessa forma, pelo menos por enquanto, o prefeito continua com a maioria na Casa, totalizando 26 vereadores.
Com isso a Câmara continua com dois blocos distintos -situação e oposição. Independente mesmo apenas Jonathas Pirkiel (sem partido), que desde que assumiu a vaga de Marcelo Almeida (que está licenciado) colocou-se nesta posição. Ex-PMDB, Pirkiel disse que saiu do partido para ter mais liberdade em votar de acordo com suas convicções, e não segundo normas partidárias. Ney Leprevost (PSDB) e Reinhold Stephanes Júnior (PSDB) continuam a fazer parte do grupo que apoia o prefeito. Já Luiz Felipe Braga Côrtes (PFL) deve sair do partido na próxima semana.
De acordo com o líder do prefeito na Câmara, vereador Rui Hara (PSDB), o último encontro entre a base aliada resolveu todos os problemas. “A reunião serviu para conversarmos e lavarmos a roupa suja. Deixamos claro que não existe na Casa um bloco independente, ou o vereador está conosco ou não está”, afirmou. “Eles entenderam e concordaram em ficar na situação.”
Segundo Hara é importante manter a união entre os 26 vereadores, principalmente para o próximo ano, quando serão realizadas as eleições municipais. “O prefeito ficou contente com o resultado da conversa, e com isso ele mantém uma vantagem boa de apoio. Em um ano eleitoral é importante estarmos unidos”, disse.
Acomodação
Na última quarta-feira Cássio Taniguchi promoveu uma troca de nove secretários municipais. O que mais agradou os vereadores foi a substituição do secretário de governo, Lindolfo Zimmer por Fernão Accioly, e a do presidente da Urbs, Fric Kerin, por Yára Eisenbach.
Ney Leprevost afirmou que a mudança nas secretarias serviu para acalmar os ânimos dos vereadores. “Com esta atitude o prefeito deu sinal de que deseja austeridade, e escolheu nomes que tem uma conduta ilibada, o que é um bom sinal”, disse. Mas a alteração que mais o agradou foi na Urbs. “Minha divergência era pontual, sobre a instalação de radares. O Fric queria instalar mais 150 radares na cidade, incluindo os móveis. Não sou contra radares, mas eles têm que ser sinalizados”, explicou.
De acordo com Leprevost vários pontos importantes foram discutidos na reunião. “Ela foi importante porque ficou acordado que as críticas deverão ser feitas internamente. Também pediu-se mais união”. No entanto ele afirmou que continuará votando segundo suas convicções. “Não sou empregado do prefeito, tenho com ele um relacionamento cordial, mas sou livre para votar”, garantiu.
Ele disse ainda que não havia nada concreto na criação de um bloco independente. “Não existe um bloco ou algo organizado, e sim a posição de votar de acordo com a consciência. Por hora não existe mais nenhuma tentativa de abrir um bloco independente na Câmara. O que aconteceu serviu de alerta para o prefeito, e esperamos que ele promova uma reviravolta nesta sua segunda gestão. Mas se os novos secretários não fizerem um bom trabalho e o prefeito não prestigiar os aliados, o assunto pode voltar”, opinou Leprevost.
Independência
Além de Jonathas Pirkiel, que sempre se declarou independente, Luiz Felipe Braga Côrtes também tem adotado a mesma postura, desde que assumiu o cargo em janeiro. “Sempre falei que sou independente, tanto que nunca participei de nenhuma reunião da bancada de apoio. Tenho esta postura, o que é bom, porque não sou obrigado a votar com o prefeito”, explicou. “Cada vereador tem o direito de votar no que acha correto”, disse.
Côrtes afirmou que não tem nenhum problema específico com o prefeito, e que deve deixar o PFL na semana que vem. “Não é um problema com o prefeito ou com os secretários. Existem coisas que eu não concordo, por isso não quero adotar uma postura agora para mudar depois. Não consigo estar na bancada de apoio, então prefiro não participar de reuniões. Como eu entrei agora, não tenho amarrações”, contou. O vereador ainda não sabe para qual legenda irá.