A liderança nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vê a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada ontem como uma represália às pressões do movimento para que o governo federal altere os índices de produtividade rural em vigor no País. Eles observam que a proposta começou a ser gestada em agosto, logo após um encontro de representantes da organização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Luiz Dulci, da Secretaria-Geral e Presidência, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário.

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No encontro, o presidente teria prometido que os índices seriam revisados nos dias seguintes – como determina a Constituição Federal de 1988 e a Lei Agrária, de 1993. As declarações sobre a provável revisão provocaram reação imediata no meio ruralista. E, semanas depois, surgiu a proposta da CPMI – destinada a investigar o repasse de verbas públicas a entidades que teriam ligação com a entidade.

De acordo com o MST, a iniciativa aprovada no Congresso comprova que “determinados setores da sociedade não admitem a existência de um movimento popular com legitimidade na sociedade, que organiza trabalhadores rurais para a luta pela reforma agrária e contra a pobreza no campo”.

 

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Os autores da proposta de CPI têm outra explicação. Segundo a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a criação da comissão deve-se ao acúmulo de provas de que recursos públicos repassados para entidades da reforma agrária controladas pelo MST são utilizadas indevidamente.

 

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“A imprensa já demonstrou em mais de uma ocasião que elas são desviadas para a prática de invasões de terras”, disse. Ela acredita que essas irregularidades poderão ser comprovadas com a quebra de sigilo das entidades envolvidas nessas operações.