O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu uma série de protestos nesta terça em Minas Gerais para lembrar os 16 anos das mortes de 21 integrantes da entidade no Pará, sendo 19 deles no chamado Massacre de Eldorado dos Carajás, vítimas em um confronto com a Polícia Militar. Em Belo Horizonte, cerca de 100 integrantes do movimento ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os sem-terra também fizeram manifestações no interior, com a interdição de rodovias e a liberação do pedágio da BR-381, que liga São Paulo à capital mineira.
Integrante da direção do MST em Minas, Vânia Maria de Oliveira afirmou que, além de cobrar punição ao militares envolvidos na chacina em Eldorado dos Carajás – apenas dois oficiais foram condenados, mas continuam em liberdade -, os protestos também têm o objetivo de cobrar agilidade na criação de assentamentos no Estado e assistência para aqueles já existentes. “Minas tem 2,8 mil famílias acampadas e há três anos não é feito nenhum assentamento”, disse.
O superintendente do Incra no Estado, Carlos Calazans, avaliou que não pode “deixar de dar razão ao movimento” porque, segundo ele, o processo de criação de um assentamento é lento e pode levar até dez anos desde a assinatura do decreto de desapropriação de uma área até que os assentados possam ocupar legalmente a terra. Calazans afirmou que vai fazer “um apelo ao governo para que a gente possa fazer esses assentamentos o mais rápido possível”.
Além da ocupação do Incra, os sem-terra ocuparam o pedágio da rodovia Fernão Dias próximo a Perdões, no sul de Minas, e as BRs 365, no norte do Estado, e 116, no Vale do Rio Doce. No caso do pedágio, os manifestantes permitiram que os veículos passassem sem pagar a taxa cobrada. Já nas outras rodovias os sem-terra bloquearam o tráfego.