Após uma reunião com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), ocorrida nesta manhã, os cerca de 3 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocupavam, há oito dias, a área ao redor da Secretaria Estadual de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), decidiram, em assembleia realizada à tarde, encerrar a manifestação.
Segundo as lideranças do movimento, a proposta do governo, de instalar oito escolas e fortalecer a assistência técnica nos assentamentos, além de negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mais verbas para a reforma agrária no Estado, foi positiva.
“O governador também se mostrou disposto a nos apoiar nas discussões com o governo federal para tratar dos problemas das famílias acampadas na Bahia”, afirma o líder do MST no Estado, Márcio Matos. A desocupação foi iniciada no fim da tarde e deve se prolongar até amanhã.
A ocupação do MST no CAB, parte das manifestações do chamado Abril Vermelho, causou controvérsia na opinião pública por causa da decisão da Seagri de doar carne – 600 quilos por dia – e 30 banheiros químicos, além de tendas, aos sem-terra. As doações, que segundo a secretaria foram submetidas às análises do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) e da Procuradoria-Geral do Estado, foram questionadas pelo Ministério Público Estadual.
“Instauramos um procedimento para investigar a situação”, informa a promotora Rita Tourinho, do Grupo Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do MP. De acordo com ela, existe preocupação com um possível precedente que as doações possam criar. “O governo tem como função atender à população como um todo, não a um ou outro movimento”.