Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são acusados de terem destruído, hoje, seis casas de empregados da Fazenda Espírito Santo, em Xinguara, no sul do Pará. A ação ocorreu apesar da presença da tropa de choque da Polícia Militar na região, informou a agropecuária Santa Bárbara, proprietária da fazenda.
O novo ataque ocorreu no retiro Baixa da Égua, depois que os funcionários, amedrontados, deixaram o local. Currais e galpões também foram depredados. Um helicóptero da empresa que sobrevoou a área foi alvo de disparos. No dia 3, o MST já havia destruído casas e benfeitorias da Fazenda Maria Bonita, também da Santa Bárbara, em Eldorado dos Carajás. A depredação levou a justiça a decretar a prisão preventiva do coordenador estadual do movimento, Charles Trocate, que ontem continuava foragido.
De acordo com a empresa, a investida contra a Espírito Santo compromete o rebanho de 20 mil vacas prenhas, num período em que nascem 200 bezerros por dia. A Santa Bárbara pertence ao grupo do empresário Daniel Dantas.
Advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que acompanham os protestos do MST contra a ação de pistoleiros armados na região negaram o novo ataque. O advogado José Batista Gonçalves Afonso, da CPT de Marabá, acusou as polícias Militar e Civil de terem agido com truculência contra os sem-terra que estavam à beira da rodovia PA-50, em Eldorado dos Carajás, no final da tarde de sexta-feira.
Segundo ele, o delegado-geral Raimundo Benassuly, e o coronel da PM Augusto Leitão, chegaram à frente de 70 homens na curva do “S” e sacaram armas para reprimir sem-terra que portavam apenas pedaços de paus e facões. Três militantes foram presos. “Uma ação lamentável, que por pouco não repete o massacre de 17 de abril de 1996”, disse o advogado. Naquele local, 19 sem-terra foram mortos ao enfrentar a PM.
O assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Pará, Emanuel Vilaça, negou a violência e disse que a ação para desobstruir a rodovia foi filmada. Ele acusou os líderes do MST de terem fugido e deixado apenas crianças no local. “O que eles (sem-terra) estão fazendo é inadmissível, usando crianças que deveriam estar na escola. Isso é rasgar o Estatuto da Criança e do Adolescente.”
