Sob um forte aparato policial, os 350 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) desocuparam hoje a fazenda Santo Henrique, do grupo Cutrale, em Borebi, a 320 km de São Paulo, deixando para trás um rastro de destruição. Além dos 7 mil pés de laranja arrancados, 28 tratores foram danificados ou destruídos, caminhões e sistemas de irrigação foram sabotados, a sede e seis casas de colonos depredadas e pichadas.

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Houve ainda furto de equipamentos, móveis, roupas e defensivos agrícolas. “A impressão é de que passou um tsunami por aqui”, disse o gerente agrícola da fazenda, Claudinei Ferreti. O prejuízo de nove dias de invasão pode chegar a R$ 3 milhões.

Os sem-terra prometiam resistir à ordem de desocupação da Justiça de Lençóis Paulista. Eles bloquearam o portão de entrada com caminhões. O oficial de Justiça chegou acompanhado de 120 policiais militares, em 26 viaturas, um ônibus e um helicóptero. Os sem-terra deixaram o local uma hora depois, sem oferecer resistência.

Destruição

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Na vistoria da fazenda, um cenário desolador: sujeira, lixo, peças e destroços de máquinas estavam espalhados por toda parte. O cheiro de fezes se misturava ao de laranja podre. O gerente constatou que o depósito de defensivos tinha sido saqueado.

“Por baixo, levaram mais de R$ 100 mil, justamente os produtos mais caros.” As câmeras de vigilância desapareceram. Os tratores estavam depenados, sem bateria, motor-de-arranque, filtros, faróis e com a fiação cortada. Dois tratores foram partidos ao meio, não se sabe como. Outros três estavam desaparecidos. Um caminhão foi achado no barro na beira de uma represa. Cerca de 15 mil litros de óleo diesel sumiram do reservatório.

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As casas foram saqueadas: portas e janelas foram arrombadas e móveis, televisores, roupas, louças, utensílios de cozinha, até lâmpadas e chapas de fogão foram levados. Alguns sofás que não puderam ser carregados tiveram os tecidos rasgados. Paredes estavam pichadas com frases como “MST em ação” e “Revolucionários em Luta”.

O gerente informou que um cálculo minucioso dos prejuízos ficará pronto em três dias. Ele estimou o custo para formar um pé de laranja de cinco anos, no auge da produção, como os que foram arrancados, em US$ 200 (R$ 340) por planta. Durante a invasão, pelo menos 90 mil caixas de laranja não foram colhidas e se perderam. Cada trator como os que foram danificados vale cerca de R$ 45 mil.

 

O delegado de Borebi, Jader Biazon, vai abrir inquérito por esbulho possessório, formação de quadrilha, furto, dano e progressão criminosa. “Temos a identificação de parte do grupo e tentaremos estabelecer as autorias.”

Em nota, o MST estadual não se manifestou sobre as acusações de furtos e danos. Informou que as terras são públicas e cobrou: “O governo e a justiça precisam cumprir o seu papel e retomar essa área, que é um patrimônio do país e que não pode ser utilizada para o benefício privado.”