O Ministério Público Federal (MPF) requereu, ontem, aplicação de nova multa ao governador Roberto Requião (PMDB), no valor de R$ 250 mil, pelo uso irregular da Rádio e Televisão Educativa do Paraná (RTVE).
Proibido judicialmente de utilizar a programação da emissora estatal para autopromoção e ataques a adversário e instituições, o governador foi denunciado desta vez por conta do constrangimento causado ao pesquisador do Iapar, Lauro Akio, na Escola de Governo do dia 6 de outubro e pelas declarações irônicas sobre passeatas gays na edição de 27 do mesmo mês.
Na edição do dia 06, segundo o MPF, Requião teria ilegalmente utilizado a emissora estatal para, ao vivo, “ridicularizar e constranger o pesquisador do Iapar Lauro Akio”.
Na ocasião, Akio criticou a falta de pesquisadores no órgão em que trabalha e foi repreendido pelo governador, que além de ameaçar demiti-lo, o chamou de “gafanhoto” e “Kung Fu”, dentre outras ofensas. A brincadeira terminou com uma proibição ao pesquisador, de origem oriental, de comer macarrão.
Três semanas depois, ao chamar o secretário de Saúde, Gilberto Martim, para explicar o lançamento de uma campanha estadual de prevenção ao câncer de mama, Requião Lembrou que a doença não ocorre apenas em mulheres e que é crescente o número de homens que adoecem de câncer de mama.
“Deve ser por conta do crescimento dessas paradas gay pelo país”, declaração classificada pelo MPF de “manifestações absolutamente preconceituosas contra os homossexuais, com nítido caráter homofóbico”.
A tentativa de piada do governador teve repercussão nacional e causou repúdio da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), que ensaiou um protesto para a semana seguinte, mas recuou após o governador anunciar a criação de um grupo de trabalho para a diversidade. Na terça-feira, Requião assinou a criação do grupo, com participação de integrantes do movimento LGBT na Escolinha.
Requião está obrigado pela Justiça Federal, em decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de janeiro do ano passado, a se abster de usar indevidamente a programação da Rádio e Televisão Educativa do Paraná, sob pena de multa.
Já foram aplicadas quatro multas, cujo valor total é de R$ 850 mil, por descumprimento à decisão judicial. A última multa, no valor de R$200 mil, foi imposta em agosto de 2009, em razão dos ataques feitos a seu adversário político, o prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB).