Deu resultado a manifestação do promotor de Justiça da Região Metropolitana de Curitiba, Fuad Faraj, para que o Ministério Público do Estado (MPE) não fizesse parte da Comissão de Sindicância montada pela Assembleia Legislativa para apurar as denúncias de diários secretos e contratações irregulares pela Casa.
O procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, declarou, ontem que o MPE não indicará nomes para a comissão da Assembleia. Em viagem ao Espírito Santo, Olympio declarou à RPC-TV que “não há possibilidade de o Ministério Público fazer parte dessa comissão. O que aceitaríamos seria a oferta de facilitação ao acesso aos gabinetes e a todos os documentos para a investigação do próprio Ministério Público”. A Assembleia havia convidado MPE e Tribunal de Contas do Estado a fazer parte da comissão.
Ontem, Faraj foi ainda mais contundente na crítica à Assembleia, aos demais poderes e ao próprio Ministério Público. “Os cinco poderes são responsáveis pelo que está acontecendo. Por ação ou por omissão, Executivo, Judiciário, Legilsativo, a imprensa e o Ministério Público colaboraram para o maior escândalo de desvio de dinheiro público da história da política paranaense. Todo mundo já tinha conhecimento desse tipo de ocorrência, até por casos anteriores, mas parece que há um pacto de silêncio”, disse o promotor, que acredita no envolvimento, direto ou indireto, de parlamentares no esquema.
“É incabível pensar que tudo isso aconteceu sem ação ou omissão de deputados, do presidente da Casa, da Mesa Diretora. Como vamos investigar junto com eles?”.
Criticado por pré-julgar alguns dos citados nas reportagens da RPC-TV e da Gazeta do Povo, ao propor a prisão de todos, Fuad Faraj disse que o pré-julgamento está ocorrendo ao inverso.
“O que há é pré-julgamento de inocência do presidente da Assembleia (Nelson Justus), pois só entendendo que ele é inocente é que se pode investigar junto com ele, compartilhando provas e discutindo procedimentos”, disse, antes de Olympio declarar que o MPE não fará parte da comissão. “A investigação aprofundada desse caso e a possibilidade de chegarmos, daqui a dois ou três anos sem, ter que explicarmos à população o porque de nada ter acontecido, será a redenção da instituição Ministério Público”, disse o promotor, que ainda criticou a presença do Tribunal de Contas na fiscalização. “É um orgão auxiliar à Assembleia, recheado de ex-deputados, que irá investigar o histórico da Casa”.
O presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), não quis responder diretamente ao promotor. “A história é que vai se encarregar de responder a ele”, disse Justus.
“O que eu posso dizer é que eu comecei um trabalho para dar transparência à Assembleia Legislativa e vou até o fim”, emendou o deputado. Na próxima segunda-feira, o presidente da Assembleia Legislativa espera anunciar os nomes dos componentes da comissão.