O Ministério Público do Paraná abriu inquérito para apurar a compra dos equipamentos supostamente destinados a bloquear ligações telefônicas na Assembleia Legislativa. O MP requisitou ao deputado estadual Marcelo Rangel (PPS) todos os dados já levantados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para investigar a suspeita de funcionamento de um sistema de escuta clandestina na Assembleia Legislativa e que revelou a compra dos bloqueadores.
No ofício, o MPE informou à CPI que vai buscar esclarecer a licitação realizada pela direção anterior da Assembleia Legislativa para adquirir aparelhos bloqueadores de sinais telefônicos. A CPI está tentando descobrir se esses aparelhos são os mesmos que foram encontrados por uma equipe de peritos, que fizeram uma varredura nas salas ocupadas pelos integrantes da Mesa Executiva, em fevereiro, a pedido do novo presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB).
Em depoimento prestado à CPI, os técnicos da Embrasil, a empresa contratada por Rossoni para fazer a vistoria, garantiram que havia um sistema de grampos instalado em uma das salas ocupadas pelo presidente da Assembleia. Já os representantes da empresa que vendeu os equipamentos à Assembleia garantiram que forneceram apenas bloqueadores telefônicos.
O interesse da Promotoria do Patrimônio Público é saber se houve irregularidade na licitação e se a Assembleia Legislativa comprou equipamentos autorizados apenas para uso nas prisões. Já a CPI quer comprovar o crime de escuta.
O presidente da CPI afirmou que irá promover uma acareação entre os autores dos depoimentos contraditórios. “Alguém está mentindo”, disse Rangel que, na próxima semana, pretende convocar para prestar depoimento à Comissão um funcionário que controlava a sala de telefonia da Casa, onde estavam instalados todos os ramais dos 54 gabinetes. Uma das denúncias é que a sala era controlada pela equipe de seguranças e que o acesso era restrito a alguns deles, suspeitos de operar o sistema de escuta clandestina.