O Ministério Público do Paraná (MPE) protocolou ontem ação civil pública com pedido de liminar para que a Justiça determine que a Assembleia Legislativa do Paraná publique seus atos no Diário Oficial do Estado, nos sites da própria instituição e do governo do Estado na internet.

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Na mesma ação, o MPE requer que sejam publicados, nos mesmos espaços, em um prazo de quinze dias, todos os atos de investidura, exoneração e aposentadorias de servidores ocorridos nos últimos cinco anos.

O MPE pede também o fim da publicação de diários oficiais avulsos, sem numeração, conforme prática constatada nas investigações que vêm sendo realizadas pelo órgão.

A ação será distribuída a uma das Varas da Fazenda Pública, Falências e Concordatas da Capital. Na ação, o MPE alega que a população não tem acesso aos diários da Assembleia, que deveriam ser públicos.

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Além de tiragem mínimas, que não circulam fora do Poder Legislativo, muitas das edições dos diários não são numeradas, impedindo que se tenha conhecimento sobre as decisões ali publicadas, cita o documento. O MPE constatou que existem diários avulsos com datas retroativas em mais de um mês. Em 2009, o MPE detectou a existência de treze edições avulsas.

A falta de transparência dos atos oficiais da AL violam os princípios constitucionais da publicidade, legalidade e moralidade, aponta a ação do MPE. A instituição está investigando as denúncias de existência de um esquema de nomeações irregulares, feitas em nomes de servidores fantasmas e “laranjas” para desviar os recursos orçamentários da Casa.

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As apurações levaram para a prisão os ex-diretores geral Abib Miguel, de Pessoal, Claudio Marques da Silva, e Administrativo, José Ary Nassif. Para o MPE, o modelo restrito de divulgação adotado pela AL ajudava a encobrir as irregularidades que estão sendo investigadas.

Em outro trecho, a ação cita que entre as muitas ilegalidades noticiadas estão a efetivação de servidores que foram admitidos sem concurso público depois da nova Constituição Federal de 1988, além de nepotismo e pagamento de salários acima do teto constitucional.

O MPE observa, na ação, que apesar de a AL ter aprovado resolução indicando o mês de junho como o início da publicação dos diários na internet, já havia lei estadual prevendo a obrigatoriedade da medida. “Assim, pela lei, desde 2004, deveria estar ocorrendo a publicação dos atos da Assembleia Legislativa na Internet”, aponta a ação.

Os diários oficiais da AL são objeto de investigação do MPE desde 2008, quando começou, por meio de ofícios, a questionar a Casa sobre a falta de publicidades dos atos oficiais.

Ontem, o desembargador José Maurício Pinto de Almeida, da 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, negou liminarmente pedido de habeas corpus para revogar a prisão preventiva de Abib Miguel, o Bibinho. A Justiça entende que Bibinho pode prejudicar as investigações se for liberado.