O Ministério Público Federal protocolou ontem um aditamento à denúncia feita em 14 de novembro do ano passado contra oito pessoas que estão sendo acusadas de crimes contra o sistema financeiro nacional.
A novidade do aditamento é a inclusão, como acusado, do ex-chefe da Casa Civil do Paraná e ex-presidente do Conselho do Banestado, Giovani Gionédis.
Além dele, foram citados na denúncia o doleiro de Londrina Alberto Youssef; o ex-diretor de operações do Banestado Gabriel Nunes Pires Neto; os empresários Maria Cristina Ibraim Jabur, José Maria Ribas Muller e Sérgio Fontoura Marder; Vílcio Caetano de Lima e João Achilles Grenier Gluck.
Os procuradores da República que investigam o caso decidiram incluir Gionédis na denúncia depois que ficou comprovado, durante a instrução da ação penal, que o ex-chefe da Casa Civil – na condição de presidente do Conselho do Banestado, de 5 de julho de 1997 a 24 de outubro de 2000 -era o mandante das operações financeiras criminosas descritas na denúncia de novembro de 2003.
De acordo com o Ministério Público, Gionédis geriu fraudulentamente o Banestado ao determinar que Gabriel Nunes Pires Neto (então diretor de operações internacionais do Banestado) beneficiasse as empresas Jabur Toyopar Importação e Comércio de Veículos Ltda, Redram Construtora de Obras Ltda e Tucumann Engenharia e Empreendimentos Ltda mediante concessões irregulares de empréstimos, por meio da agência do Banestado Grand Cayman (nas Ilhas Cayman).
De acordo com o depoimento de Pires Neto, Gionédis – mediante prévio acordo com Antônio Carlos Ribas Muller, Sérgio Fontoura Marder e Maria Cristina Ibraim Jabur – condicionou a liberação dos empréstimos ao pagamento de “propina” e alegou que o dinheiro seria usado como contribuição de campanha eleitoral para reeleição do ex-governador Jaime Lerner (PSB).
Empréstimo
De acordo com a denúncia do MPF, próximo a 11 de agosto de 1998 (quando foi liberado o empréstimo de US$ 1 milhão à Tucumann, com vencimento para março de 1999), Gionedis teria recebido US$ 100 mil como pagamento pela liberação do empréstimo fraudulento à empresa. O dinheiro teria sido repassado por Antônio Carlos Ribas Muller (proprietário da empresa Tucumann) a Gabriel Nunes Pires e este teria repassado o valor ao ex-secretário da Fazenda.
Ainda de acordo com a denúncia, próximo ao dia 12 de agosto de 1998 (da liberação do empréstimo de US$ 1 milhão à Redram, também com vencimento programado para março de 1999), Gionedis teria recebido mais US$ 100 mil. Desta vez, o dinheiro teria sido repassado por Sérgio Fontoura Marder, dono da Redram, a Nunes Pires, que o teria entregue a Gionédis.
O Ministério Público Federal afirma ainda que teria havido um terceiro repasse de verbas, em 27 de agosto de 1998. Gionédis teria recebido US$ 131.300,00 como pagamento pela liberação do empréstimo de US$ 1,5 milhão, com vencimento para fevereiro de 1999, à Jabur Toyopar.