O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal, denunciou ontem à Justiça Federal, em Curitiba, dois ex-funcionários da Banestado Leasing S/A, um consultor empresarial e onze empresários paranaenses e paulistas, acusados de envolvimento em fraudes para liberação de financiamentos junto à antiga estatal.

As irregularidades ocorreram entre fins de 1995 e início de 1996, no início do governo Jaime Lerner (PFL), antes da privatização do Banco do Estado do Paraná S/A, controlador da Banestado Leasing, ocorrida em outubro de 2000. Lima pede a condenação dos ex-funcionários da Banestado Leasing por crime contra o sistema financeiro nacional e corrupção passiva; o intermediário Euzir Baggio e os empresários são denunciados por crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção ativa.

Segundo a denúncia, sete empresas estão envolvidas, com igual número de operações fraudulentas. Em todas, observou-se o mesmo tipo de procedimento: em dificuldades econômicas e financeiras, mas sem condições de obter financiamento pelas vias normais, especialmente por insuficiência de garantias, os empresários contratavam os serviços do consultor Euzir Baggio. Ele obtinha a liberação dos financiamentos mediante o pagamento de propina a Luiz Antônio Eugênio de Lima e José Edson Carneiro de Souza, respectivamente ex-gerente da Divisão de Negócios de Leasing e ex-gerente do Departamento de Operações da Banestado Leasing.

Ação civil

Ainda de acordo com a denúncia, que toma por base uma ação civil pública que tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas de Curitiba, apresentada pelo Ministério Público Estadual, os sete financiamentos irregulares somaram um total de R$ 17.143.987,00, em valores da época. As propinas pagas a Lima e Souza, mais as “taxas de intermediação” de Baggio, com recursos das empresas, somaram um total de R$ 885.844,00. O rastreamento dos pagamentos foi possível com a quebra de sigilo bancário autorizada pela Justiça.

Acusados

Além de Lima, Souza e Baggio, foram denunciados os empresários paranaenses: Hilton Chipon (representante da empresa Cristo Rei Ltda.), Jacob Abrahamns (Indústria Trevo Ltda.), Marcos José Olsen (Pisos São Bernardo S/A, anteriormente denominada Wiegando Olsen S/A, e Máxima Administração e Participação Ltda., anteriormente denominada Olsen Veículos Ltda.), Margid Maria Olsen Pizzatto (Pisos São Bernardo S/A), Lourival Carlos Fausto Faucz (Máxima Administração e Participação Ltda.), Flávio Antonio Bonet e Cezar Antonio Bonet (Indústrias Bonet S/A) e Dionísio Serena Junior (Indústria Gráfica e Editora Serena Ltda.). A denúncia inclui, ainda, os empresários paulistas Eduardo Luiz Moreno, Orlando José Moreno e Maria Emília Moreno Guimarães, da empresa Unida Artes Gráficas e Editora Ltda.

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