A Força-Tarefa CC5 do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou, na última sexta-feira dia 25, mais 17 pessoas por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, o que inclui evasão de divisas e lavagem de dinheiro. As denúncias fazem parte da Operação Zero Absoluto, que segundo o procurador do MPF Carlos Fernando dos Santos Lima deve encerrar suas investigações até amanhã. "Ainda estamos encaminhando algumas outras denúncias à Justiça Federal, que vai analisar e entender se há elementos suficientes para recebê-las", diz o procurador.
Segundo o MPF no Paraná, com exceção de Marco Antônio Reis Simão, Paulo César Reis Simão, Élcio Martins Areias, Antônio Gonçalves Carneiro, Maria Izilda Bernardes Duarte Silva, os demais também foram denunciados por formação de quadrilha. Na lista de denunciados estão somente operadores de mercado de câmbio paralelo, mais conhecidos como "doleiros". Os clientes dos doleiros que estão sendo identificados nas investigações tem seus dados remetidos para a receita federal, que os notifica no domicílio de origem, onde podem responder a processo administrativo-tributário ou criminal.
A Operação Zero Absoluto, que tem o objetivo de "congelar" o dinheiro enviado ilegalmente para contas no exterior, começou no ano passado nos Estados Unidos e é fruto de uma investigação conjunta do MPF e da Polícia Federal, com o apoio do Departamento de Segurança Interno (DHS) de Newark. Lima explica que as contas investigadas estão em geral em nome de empresas "offshore", nas quais os verdadeiros donos aparecem como "procuradores". Os dados das contas vieram para o Brasil, após a Justiça Americana descobrir a existência de um esquema de lavagem de dinheiro, o que fez com que esses valores fossem bloqueados.
De acordo com o MPF, o órgão encaminhou um pedido à Justiça Federal para que os US$ 2.864.794,78 bloqueados em favor dos Estados Unidos, nas contas Bahia Blanca, Fera, Phoenix, Mabon, Farswiss e Capital World, movimentadas pelos denunciados no Merchants Bank, em Nova Iorque, até junho de 2002, sejam agora bloqueados em nome da União. Isso deve favorecer a repatriação do dinheiro evadido do País.
Lima afirma que desde 11 de setembro de 2001, quando houve o atentado às torres gêmeas em New York, os americanos vem se empenhando em fazer uma identificação mais perfeita das contas de empresas, de modo que não há muitas dificuldades para verificar os cadastros dos integrantes de "offshores". "O grande mérito nosso foi o de estabelecer um método de trabalho que pudesse ajudar a juntar os pedaços do quebra-cabeça e descobrir os doleiros", afirma.
Conforme as investigações do MPF, entre os clientes do esquema está o empresário José Torzillo, que fez operações pela conta Farswiss. Torzillo e o ex-secretário de Administração da Bahia Sérgio Moyses foram investigados pela Procuradoria Geral do Estado da Bahia por suspeita de improbidade administrativa. "Quebrando as contas de doleiros, podemos descobrir os rastros de valores que podem ter sido desviados da administração pública. O caso de Torzillo serve para mostrar a utilidade das investigações da força-tarefa", diz Lima.
Até o momento, a Operação Zero Absoluto conseguiu bloquear cerca de US$ 11,5 milhões, em contas dos empresários Antônio Pires de Almeida, Hélio Renato Laniado, Eliott Maurice Eskinazi, Renato Bento Maudonet Junior e Dany Lederman. Segundo Lima, o empresário Hélio Laniado encontra-se preso para fins de extradição na República Tcheca.