Entidades, sindicatos e movimentos sociais dão como certa a realização de manifestações ao longo do ano que se inicia. A questão é saber quais serão os motes, as causas, as bandeiras que levarão as pessoas às ruas em 2017.

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Sem uma causa que unifique os diferentes grupos, as próximas manifestações devem ganhar novos gritos e propósitos, segundo organizadores dos principais atos no passado. Além do “Fora, Temer”, estarão em pauta a reforma da Previdência, o pacote anticorrupção, a Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos públicos – a PEC do Teto -, os índices de desemprego e até “Diretas-Já”.

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“A pauta que vai puxar os protestos contra o governo é o combate à reforma da Previdência. Vamos partir dessa proposta absurda de reforma e, no fim, chegaremos ao grito de ‘Diretas-Já'”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.

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Além da CUT, entidades ligadas aos movimentos estudantis também pretendem se mobilizar. “Os movimentos de direita estarão constrangidos em defender um governo indefensável. Nós vamos para as ruas contra a reforma da Previdência e, principalmente, contra a PEC dos gastos públicos, que acaba com os investimentos em educação e condena o futuro do País”, afirmou a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral.

Mesmo a Força Sindical, que tem ficado ao lado do governo do presidente Michel Temer, se diz disposta a ir para as ruas discutir a reforma previdenciária. “Se o governo insistir nesse modelo previdenciário, vai ser impossível não protestar. Os trabalhadores não podem deixar isso passar da forma que está colocado”, afirmou o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

“A luta em defesa dos direitos sociais vai se intensificar. Haverá um agravamento da situação e vamos nos aproximar de um estado de convulsão social”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Para ele, a situação atual do Rio, com greves de servidores públicos e protestos frequentes, pode ser considerada um “exemplo” do que deve ocorrer no País neste ano. “Com o colapso dos serviços públicos, o Rio de Janeiro de hoje será o Brasil de amanhã”, afirmou.

Outras pautas

Os grupos que foram às ruas em apoio ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff também afirmam que as manifestações devem continuar em 2017.

O movimento Nas Ruas acredita que os atos devem clamar por uma reforma no Supremo Tribunal Federal (STF). “Claro que é difícil de viralizar uma pauta assim, mas a sociedade está cada vez mais atenta para a ineficiência do nosso Judiciário”, disse a coordenadora do Nas Ruas, Carla Zambeli.

Para o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Fernando Holiday, este ano deve ser turbulento. “Acho que as manifestações vão passar por diversas fases de intensidade. O que mais vai levar gente para a rua são as questões envolvendo as reformas da Previdência, trabalhista e política”, disse Holiday, empossado vereador de São Paulo pelo DEM anteontem.

O líder do movimento Vem Pra Rua, Rogério Chequer, afirmou apostar no combate à corrupção ainda como mote para mobilizações neste ano.

O jornalista Eugênio Bucci lançou em 2016 o livro A Forma Bruta dos Protestos, que analisa o comportamento das ruas nos últimos anos. Bucci também arriscou uma previsão para 2017. “A intensidade é difícil prever. A causa, no entanto, já está mais ou menos indicada. Elas vão gritar, em parte, por transparência, por decoro, por ética na política, e vão protestar contra impunidade, contra acordos e conchavos para preservar políticos denunciados. É possível, também, que surjam manifestações a partir de mobilização nas escolas de ensino médio e, em menor medida, nas universidades”, afirmou Bucci.

Na Avenida Paulista, palco de diversas manifestações em São Paulo, a população também sabe que será chamada a participar em breve. “O que me faria ir às ruas seria a questão do emprego. A gente tem que fazer algo a respeito”, disse o estudante Douglas Oliveira, de 28 anos.

“Eu acho que o que vai me levar para a rua é essa reforma da Previdência. Imagina eu ter que trabalhar até os 70 anos”, afirmou a estudante Loys Barbosa, de 19 anos.