Apesar da chuva, Porto Alegre começou a mostrar neste domingo, 21, os primeiros sinais das manifestações em função do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcado para quarta-feira, 24, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

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A Frente Brasil Popular, que congrega dezenas de movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, começou a montar no início da tarde o acampamento onde os militantes pró-Lula vão se manifestar de segunda-feira, 22, até o dia do julgamento. O local designado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul em acordo com os movimentos que defendem a absolvição do ex-presidente é o Anfiteatro do Pôr do Sol, um amplo gramado localizado às margens do Rio Guaíba, a cerca de um quilômetro da sede do TRF-4.

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Na manhã desta segunda, cerca de 2,5 mil integrantes da Via Campesina vão se reunir na BR-116 e seguir em caminhada até o acampamento. O percurso, de 7,6 quilômetros, atravessa algumas das principais avenidas da capital gaúcha e terá a presença de João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST).

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Na tarde deste domingo, 21, diversos caminhões do 3.º Batalhão de Engenharia do Exército vindos de Cachoeira do Sul (RS) estavam estacionados no local da concentração. Eles carregavam tratores e soldados armados com fuzis. As assessorias do Exército e da Secretaria Estadual de Segurança não foram localizadas, mas militares disseram extraoficialmente se tratar de coincidência e que a presença das tropas no local não tem relação com as manifestações.

Caravanas

Também neste domingo começaram a chegar a Porto Alegre as primeiras caravanas vindas do interior gaúcho e de outros Estados trazendo militantes pró-Lula. Uma delas é a argentina Nadya Loscacdo, de 23 anos. Estudante de História da Arte em Buenos Aires, Nadya integra a organização de esquerda Pátria Grande, que tem vínculos com o MST, e desde o início de janeiro participa de uma “vivência” no assentamento sem-terra de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre. “Para nós na Argentina é importante defender a democracia no Brasil para barrar o avanço do neoliberalismo no continente.”

Na movimentada esquina das Avenidas Mostardeiro e Goethe, no bairro de classe média alta Moinhos de Vento, dois militantes de um grupo que defende a intervenção militar se manifestavam embaixo de chuva. A dona de casa Luciana Liska, de 47 anos, e um homem que não quis se identificar porque, segundo ele, “a imprensa toda é do PT”, seguravam bandeiras do Brasil. “Precisamos dos militares porque quase todos os políticos estão envolvidos em corrupção. A gente não tem mais onde recorrer”, disse Luciana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.