Na contramão do presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, que prega o rompimento com o PT, o vice-presidente estadual do PMDB, deputado estadual Nereu Moura, está defendendo a reaproximação entre as duas siglas, nacional e regionalmente.
O assunto foi discutido ontem, em Curitiba, durante a reunião da executiva estadual do partido, que também serviu para que os peemedebistas fizessem um balanço do seu desempenho nas eleições municipais.
Amanhã, Dobrandino estará em Brasília participando da reunião com os demais dirigentes estaduais e a cúpula nacional do partido para discutir o rompimento. O deputado disse que o PMDB não recebeu o retorno esperado. A pauta principal da reunião em Brasília será o total desligamento do partido. “Quem não estiver de acordo, terá que deixar o PMDB”, disse.
Para Moura, as paixões eleitorais ainda estão muito vivas e o PMDB deveria suspender qualquer decisão que sinalize para rompimento ou afastamento do PT. “O PMDB deve esperar, tomar uma dose de maracujina, esfriar a cabeça e só depois se posicionar. Não existe outra alternativa para o PMDB a não ser se reaproximar do PT, tanto no plano nacional como no local. Do contrário, corremos o risco de nos isolarmos politicamente. Qualquer rompimento prejudica o governo Lula, mas também cria dificuldades para o governo Requião”, afirmou.
O vice-presidente disse que o PMDB não tem escolha para as eleições de 2006. “Nós vamos compor com quem? Com o PFL?”, questionou Moura, comentando que tucanos e pefelistas estão aglutinados no estado e no país e serão os adversários do PMDB nos dois planos. “Será que a aliança PT-PMDB não é a arma que temos contra o inimigo em 2006?”, ponderou.
Moura disse ainda que apesar de ter perdido a eleição na maioria das cidades de grande porte no estado – em algumas estava coligado com o PT – o PMDB terminou a eleição com saldo positivo, elegendo 120 prefeitos e 35 vice-prefeitos. Moura lembrou que, na campanha de 2002, o governador Roberto Requião teve o apoio de no máximo vinte prefeitos. “Não ganhamos somente onde já não comandávamos, que é nas cidades grandes. Mas avançamos em cidades médias e crescemos nas cidades pequenas. São os municípios pequenos onde a máquina administrativa tem mais influência sobre o eleitor. Porque nas cidades maiores o eleitor só é influenciado pela mídia”, observou.
Distância
Já o chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, insiste que a posição dos governadores do PMDB, adotada na reunião realizada na última sexta-feira, em São Paulo, é de independência em relação ao governo federal, mas não de rompimento. Na opinião de Quintana, a entrega de cargos pelos peemedebistas é necessária. “É preciso se afastar para ter independência política”, comentou.
No Paraná, Quintana acha que a situação é diferente. “O PMDB está propondo afastar-se do governo federal. O que no governo do Estado não quer dizer que o PT precise sair da administração estadual. São políticas diferenciadas”, afirmou Quintana, lembrando que nada impede o PT de continuar na base do governo estadual.
Até 2006
Para o líder do governo na Assembléia Legislativa, Natálio Stica (PT), a aliança entre o PMDB e o PT no Paraná é um compromisso que vale até 2006 e não será revisto antes disso. “Independente do projeto do PT para 2006, nós vamos estar na base do governo Requião”, comentou o líder, explicando que esta posição não muda mesmo que o PT e o PMDB tenham candidatura própria ao governo na sucessão estadual, disse.
Para Stica, o apoio crítico que Requião tem proposto para o PMDB na relação com o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva não é novidade. Segundo o líder do governo, o apoio do PT a Requião também não é incondicional. “A bancada do PT se reúne para discutir as questões do governo, sempre questiona”, disse.
“Partido deve dialogar com sociedade”
Rio – O presidente do PT, José Genoino, disse que os resultados desfavoráveis em cidades como a capital paulista e Porto Alegre não ocorreram devido à política econômica do governo federal. Para Genoino, o PT precisa “dialogar mais com os segmentos médios organizados da população”.
Segundo ele, o partido tem agora o desafio de adequar o seu discurso. “Temos que adequar o discurso, corrigir posturas e atos, além de compreender que a disputa política cada vez mais vai exigir do PT um nível de preparo e elaboração. O PT tem uma base social e política de peso nas grandes cidades. Tanto que foi onde obtivemos vitórias importantes e mesmo onde perdemos, foi por pequena diferença de votos”, comentou.
