A morte do candidato Eduardo Campos continua com lugar de destaque na imprensa britânica. Na edição da revista The Economist que chega às bancas este fim de semana, a publicação cita que uma eventual candidatura de Marina Silva pode ser “o maior pesadelo do PT” e ameaçaria Aécio Neves (PSDB). No Financial Times, o ex-governador de Pernambuco teve uma foto estampada na primeira página na edição do jornal desta quinta-feira. A publicação classifica Campos como uma “raridade entre políticos brasileiros”.

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A Economist publica um obituário do político pernambucano e um texto em que debate as consequências do acidente. Na reportagem “Agosto trágico, outubro incerto”, a publicação diz que a morte de Campos deixa a disputa presidencial “em aberto”. A revista cita que muitos analistas já trabalham com a hipótese de Marina Silva ser a substituta do PSB. Diante do sucesso da então candidata em 2010 e o forte apelo que a ex-ministra do Meio Ambiente tem com parte do eleitorado, a Economist cita que Marina é classificada como “o maior pesadelo do PT” por alguns analistas.

A revista conversou com analistas brasileiros que afirmam que cresceu a chance de realização de segundo turno. “É quase inevitável”, disse um dos entrevistados. Apesar disso, a revista nota que o efeito nas urnas ainda não pode ser avaliado. “Não será claro até as primeiras pesquisas pós-acidente, que saem em uma ou mais semanas, se Marina Silva poderia ameaçar a posição de Aécio Neves como adversário principal da presidente”, diz a revista.

No longo obituário publicado pela Economist, Eduardo Campos é fortemente elogiado pela revista conhecida pelo posicionamento político liberal. “Sua habilidade e mistura entre o novo e o antigo e a esquerda e a direita fizeram o Sr. Campos um candidato político formidável”, diz a revista. O texto destaca que o ex-governador conseguia ser adorado pela população mais pobre de Pernambuco e, ao mesmo tempo, pelos tecnocratas do Banco Mundial. “Ele tinha uma aura de autoridade, de comando”.

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No Financial Times, uma pequena foto do candidato foi estampada no alto da primeira página das edições impressas que circulam no Reino Unido e na Europa. Na mesma linha da Economist, o jornal afirma que o falecimento de Campos muda as perspectivas das eleições presidenciais brasileiras.

Nesta manhã, o blog dedicado aos mercados emergentes do FT, o Beyondbrics, publicou um texto em que lembra o dia em que o candidato visitou a redação do jornal britânico, em abril, durante uma viagem por Londres. “Ele se encontrou com o editor e uma dúzia de outros jornalistas e deixou uma impressão de um homem que tinha uma visão clara dos desafios que o Brasil enfrenta e dos meios para enfrentá-los”, diz o texto. “A esse respeito, ele era uma raridade entre os políticos brasileiros. Ele fará muita falta”.

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NY TIMES

A morte trágica de Eduardo Campos muda de forma abrupta a dinâmica das eleições no País, destaca na edição desta quinta-feira o jornal norte-americano The New York Times ao noticiar o acidente aéreo que vitimou Campos ontem em Santos. “(A tragédia) sacode uma eleição cada vez mais competitiva na maior democracia da América Latina”, ressalta o texto.

O jornal destaca que uma vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno é cada vez menos provável. A maior probabilidade é de um segundo turno acirrado, diz o texto. O Times cita a possibilidade de a vice de Campos, Marina Silva, ser agora a candidata oficial do partido na corrida presidencial, o que agitaria a disputa, pois a ambientalista é mais conhecida nacionalmente e popular que Eduardo Campos.

Assinado pelo correspondente do Times no Rio de Janeiro, Simon Romero, o texto faz ainda um histórico da carreira de Campos, um economista de formação que acabou entrando na vida política inspirado por seu avô, Miguel Arraes. O Times destaca ainda a aliança de Campos com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva por vários anos e ressalta que o candidato do PSB emergiu na cena política brasileira como governo do Estado de Pernambuco.