O juiz Sérgio Moro, futuro superministro da Justiça do governo Bolsonaro, disse nesta terça-feira, 6, que pretende criar forças-tarefas ao estilo da Operação Lava Jato para combater o crime organizado em todo o País. Em entrevista na sede da Justiça Federal em Curitiba, Moro afirmou que pretende “avançar na pauta do enfrentamento não apenas à corrupção como ao crime organizado”.
“Pretendo utilizar forças-tarefas não só contra esquema de corrupção, mas contra o crime organizado. Nova York, na década de 1980, combateu cinco famílias poderosas por meio da criação de forças-tarefas. O FBI, em conjunto com as Promotorias locais ou federais, logrou desmantelar organizações. Embora elas não tenham deixado de existir, têm uma força muito menor que no passado.”
A Lava Jato, deflagrada em março de 2014, atacou um pesado esquema de corrupção e cartel instalado na Petrobras. A Operação reuniu a Polícia Federal, a Procuradoria da República e a Receita, em alto grau de entrosamento com a Justiça.
Moro disse que a ideia é neutralizar os líderes das facções, isolando-os nas prisões. “Desenvolver uma política agressiva, não violenta, evidentemente”, revelou o futuro superministro.
Ele aposta na ampliação das bases de dados das instituições policiais. “O crime organizado tem que ser tratado com inteligência.”
Sobre a incorporação do COAF ao Ministério que vai dirigir, Moro disse que é preciso “reestruturar” o Conselho de Controle de Atividades Financeiras. “Precisa reestruturar e fortalecer o COAF”, disse o juiz.
Ele avalia que o ministro Paulo Guedes, da Fazenda, “vai estar muito ocupado com questões de economia, revitalizada, não é o foco de preocupação dele essa temática (COAF)”.
“Então, acredito que o local mais adequado (para ação do COAF) é o Ministério da Justiça.”
Moro considera que o confronto armado entre policiais e criminosos não é o ideal. “Sabemos que existem regiões no País dominadas por organizações criminosas, até territorialmente, certo? Pessoas de baixa renda vivem em estado permanente de exceção, vivem em bairros dominados por gangues armadas, traficantes. Isso é intolerável. A estratégia é evitar qualquer espécie de confronto. Havendo confronto, essa é a posição do presidente eleito, tem que se discutir a posição do agente policial que, eventualmente, alveja e leva a óbito um traficante armado. A nossa legislação contempla legítima defesa, exercício do dever legal. É necessário que o policial espere que o traficante armado atire contra ele e aí ele possa reagir?”
Moro reiterou que “não significa que o confronto policial é uma estratégia”.