O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta terça-feira, 3, que considera exagerada a preocupação de que possa haver loteamento político em cargos da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), novo nome do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que recentemente passou a fazer parte da estrutura do Banco Central (BC) e começou a permitir a contratação de profissionais oriundos do setor privado.

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“Se fez a opção por permitir que fossem requisitados não só servidores públicos (para reforçar o órgão), mas também receber pessoas do setor privado. Isso gerou preocupações da parte de alguns setores, a meu ver exageradas, de que poderia haver loteamento político. Acho que não necessariamente. Eu tenho vários cargos comissionados de pessoas que vieram do setor privado para o Ministério da Justiça e não significa que serão loteados politicamente”, disse o ministro, em apresentação feita no 9º Congresso de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O ministro também argumentou que o BC é uma instituição que tem uma tradição técnica e de eficiência. “Portanto, acho muito difícil que o BC seja permeável a qualquer espécie de loteamento político”, afirmou.

O antigo Coaf ganhou destaque no noticiário quando um relatório do órgão revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no fim do ano passado apontava movimentações financeiras atípicas feitas por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), então deputado estadual no Rio de Janeiro e atualmente senador pelo Estado.

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O conselho, à época, fazia parte do antigo Ministério da Fazenda, que, no governo Bolsonaro, virou Ministério da Economia. Moro afirmou no evento desta terça que no início do governo surgiu a proposta de que o Coaf passasse para o Ministério da Justiça, comandado por ele. A avaliação era de que o órgão estava “relegado”, com um número insuficiente de profissionais e fora do foco do Ministério da Economia, mais preocupado com questões macro e microeconômicas.

Moro reafirmou que a ideia de levar o Coaf para a Justiça não foi motivada por um pedido dele. “Mas como foi oferecido, acreditávamos que poderíamos fazer bom uso”, disse. O conselho, então, passou para o comando de Moro. Segundo ele, foi possível aumentar o número de servidores do órgão, de 30 para 74.

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Depois, lembrou o ministro, o Coaf acabou voltando para o Ministério da Economia e, mais recentemente, o governo decidiu transferi-lo para o BC, alterando o seu nome para Unidade de Inteligência Financeira.

“Sinceramente, o Coaf estar na Economia ou BC não faz muita diferença. Em ambos os locais eu acredito que o Coaf está bem. Ficou muito tempo na Fazenda (hoje Economia) e funcionava bem”, disse. “Não que não funcionasse bem na Justiça, até porque nós reforçamos o órgão, mas estará em boas mãos no BC. O presidente do BC (Roberto Campos Neto) tem competência e habilidade para preservar a autonomia, independência e eficiência do órgão”, afirmou.

Moro, ao final de seu comentário sobre o órgão, brincou com a escolha do novo nome. “Eu disse que ao presidente do BC que achei que faltou um pouco de criatividade. O Coaf agora é uma Unidade de Inteligência Financeira. Antes não era? Mas tudo bem, não pode haver disputas em relação a isso”, disse, arrancando algumas risadas da plateia.