O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o peemedebista Moreira Franco, vai tirar o economista Márcio Pochmann do comando do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Militante do PT, o economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) assumiu em 2007 e faz uma administração polêmica, sempre debaixo de suspeitas de aparelhamento político-partidário do instituto.
Moreira Franco, segundo apurou o Estado, ainda está conversando com assessores para definir os nomes da nova diretoria, mas há duas queixas generalizadas: com a qualidade e a profusão de pesquisas do Ipea e com a decisão de Pochmann segurar a liberação (por empréstimo) de pesquisadores altamente capacitados para cargos no governo Dilma Rousseff. “Isso (saída de Pochmann) não é assunto para ser tratado pela imprensa”, disse o ministro.
Pochmann e o diretor do Departamento de Macroeconomia, o economista João Sicsú, impuseram uma orientação de alinhamento com o ideário “estatista”, privilegiando as pesquisas que apoiam o crescimento da máquina e dos gastos do Estado. Defesa de privatizações e reformas estruturais são assuntos fora da pauta do Ipea.
Apesar de ter assumido criticando a falta de pesquisas estratégicas, de longo prazo, Pochmann transformou o Ipea numa máquina de apenas coletar números para apresentar pesquisas quase todas as semanas para apoiar o governo. “Se eu quero saber o que a população está achando do SUS, eu não preciso do Ipea, eu contrato o Ibope”, desabafou Moreira Franco em conversa recente com assessores, criticando a profusão de pesquisas do instituto que, não raro, parecem levantamentos de opinião.
A liberação de servidores, principalmente para cargos importantes nos ministérios, está provocando uma crise de relacionamento com o Ipea. O ministro Guido Mantega (Fazenda) já teve de telefonar para Pochmann pedindo que ele pare de segurar esses pedidos. O Estado ligou para o economista, deixou recado no celular dele, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.