Estacionado em terceiro lugar nas pesquisas de intenções de votos com percentuais que oscilam entre 1% e 2% e tratado, desde o início da campanha, como um perdedor por setores do PMDB, em Curitiba, o candidato do partido à Prefeitura, Carlos Augusto Moreira Junior, disse que ainda guarda umas cartas na manga para reverter o quadro desfavorável. Moreira anunciou que, nesta reta final, irá apresentar depoimentos que podem desconstruir a candidatura à reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB), que lidera folgado a disputa na capital, com mais de 70% de intenções de votos.
“Nós vamos abrir, de fato, as caixas-pretas da atual administração”, disse Moreira, na manhã de ontem, 13, quando encerrava uma caminhada abaixo de chuva entre a Praça Santos Andrade e a Boca Maldita, no centro de Curitiba, para tentar dar um impulso à candidatura. Apesar de reunir um bom número de militantes, o convidado principal da caminhada, o governador Roberto Requião (PMDB), e os deputados estaduais com domicílio eleitoral em Curitiba, não apareceram. Requião estava no interior do Estado e, devido ao mau tempo, teve que trocar o avião pelo carro para se deslocar a Curitiba. Não conseguiu chegar no horário para acompanhar Moreira na atividade.
Sem seu principal cabo eleitoral, o candidato do PMDB teve a companhia do secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, do Corregedor do Estado, Luiz Carlos Delazari, do presidente da Sanepar, Stênio Jacob, do presidente municipal do partido, Doático Santos, entre outros. O governador pediu uma nova caminhada para o próximo sábado, dia 20, para que possa participar.
Moreira disse que as denúncias contra o prefeito podem não alterar seu favoritismo, mas que vão servir para informar o cidadão sobre o que acontece em Curitiba. “Depois que apresentamos as nossas caixas-pretas, pessoas começaram a nos procurar dispostas a vir a público denunciar algumas coisas”, disse Moreira. Um dos temas que o PMDB irá explorar, segundo adiantou, é o contrato da Prefeitura de Curitiba com o Banco Santander, que movimenta as contas do município e dos funcionários.
Enquanto Moreira andava com os militantes no centro da cidade, dois deputados estaduais peemedebistas, Reinhold Stephanes Junior e Mauro Moraes, estavam com o prefeito Beto Richa em uma caminhada no Sítio Cercado. Mauro Moraes e Stephanes Junior já declararam apoio a Beto, antes mesmo de Moreira ser oficializado candidato. Ambos não aceitaram a decisão do governador Roberto Requião de apoiar Moreira na convenção.
O ex-reitor da Universidade Federal do Paraná não comenta as deserções. Disse que a campanha é difícil porque o atual prefeito tem uma “megaestrutura financeira” e também devido ao modelo administrativo de Curitiba, que segundo ele, “é mais tecnicista” e que não possibilita o espaço para o debate político fora dos períodos eleitorais. “Mas chegou o momento em que é necessário aliar o desenvolvimento urbano ao desenvolvimento humano. Não sei se a população vai perceber isso agora, mas em algum momento vai ter que começar a perceber”, disse.