Moraes critica cúpula do PMDB sobre as eleições em Curitiba

Principais adversários do projeto de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB), o PMDB e o PT terão que administrar algumas desavenças internas sobre a melhor maneira de escolher seus candidatos a prefeito em 2008.

No PMDB, o motim começou quando o presidente do diretório municipal do partido, Doático Santos, disse que a primeira e a última palavras são do governador Roberto Requião e que ele já optou pela candidatura do reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Augusto Moreira. No PT, há um princípio de rebelião provocado pelas declarações do presidente estadual do partido, deputado federal André Vargas, que se posicionou contra a realização de prévias para definir o candidato.

O deputado estadual Mauro Moraes foi um dos que protestaram no PMDB, onde além de Moreira também estão na lista o presidente da Cohapar, Rafael Greca, a ex-deputada federal Clair Martins, o deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures. ?Fiz 48 mil votos na eleição do ano passado. Em Curitiba, foram 45 mil. Quero ser ouvido também. Sei que é importante a opinião do governador, mas não existe consenso na marra?, afirmou Moraes. Ele disse que somente depois de reclamar é que foi convidado para conversar com a direção do partido, numa reunião hoje à noite.

Foto: Anderson Tozato

Josete: não gostou.

Foto: Ciciro Back

Moraes: contrariado.

Para Moraes, esta decisão é arbitrária e o candidato não pode ser apontado sem consulta aos parlamentares eleitos por Curitiba e aos militantes. ?É inadmissível que o presidente do partido imponha publicamente que determinado candidato deve ser escolhido para concorrer ao cargo de prefeito, unicamente por que é o preferido da cúpula?, criticou

Integrante do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT em Curitiba, a vereadora professora Josete tornou pública a contrariedade gerada pela posição de Vargas. ?Qualquer candidato do PT é definido pela vontade dos militantes do partido e não por declarações dos dirigentes à imprensa?, disse.

Para a vereadora, Vargas está tendo uma visão limitada do processo, ao defender que a ex-candidata do Senado Gleisi Hoffmann seja a candidata, sem ter que passar por uma disputa interna com outros nomes, como o do deputado estadual Tadeu Veneri, que está se preparando para apresentar seu nome. ?A diferença entre as intenções de voto entre a Gleisi e o Tadeu apenas reflete a maior exposição que a ex-candidata ao Senado conseguiu desde as eleições do ano passado. E se o aval de uma candidatura dependesse do resultado de uma pesquisa no início de uma campanha, a própria Gleisi não teria sido candidata na última eleição?, argumentou.

Cúpula diverge sobre preferências

O vice-presidente estadual do PMDB, Luiz Claudio Romanelli, disse que o governador Roberto Requião não manifestou suas preferências sobre o nome do partido que será o candidato a prefeito de Curitiba. ?Essa não é uma discussão de uma pessoa. É importante ouvir a opinião do governador, mas o nome tem que ser discutido pelo partido?, disse Romanelli.

Ele afirmou que o início do processo de definição será durante o congresso do PMDB de Curitiba, marcado para o final do mês. ?O debate deve ser feito com todos porque o partido precisa de uma candidatura que empolgue a militância?, afirmou o vice-presidente estadual do PMDB.

Mas o presidente municipal do PMDB, Doático Santos, disse que não é de fazer ?nhenhenhém? e que há uma clara tendência no partido em Curitiba de acompanhar a simpatia do governador pelo reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Augusto Moreira. ?O governador tem sinalizado isso e nós estamos procurando construir o consenso em torno do professor Moreira?, afirmou.

Sobre as críticas de Moraes, o presidente municipal do PMDB disse que o deputado está convidado a participar do conselho político do partido, que na próxima semana começa os debates sobre a sucessão municipal.

 

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