Em carta publicada nesta terça-feira, 2, em sua página no Facebook a estudante Alice Moura Requião, filha da publicitária Mônica Moura, afirma que sua mãe ficou presa com detentas ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), durante parte dos mais de cinco meses em que ela o marido, o também publicitário João Santana, passaram sob custódia da Justiça, em Curitiba, por envolvimento no esquema de desvios na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
O casal, preso em fevereiro, foi solto nesta segunda-feira, 1º, por ordem do juiz Sérgio Moro mediante fiança de R$ 31 milhões depois de admitir ter recebido US$ 4,5 milhões (R$ 10 milhões, à época) em conta na Suíça em nome da offshore ShellBill Finance referente a serviços prestados à campanha pela eleição da presidente afastada, Dilma Rousseff, em 2010.
A carta, que relata as dificuldades enfrentadas pela publicitária no cárcere, é uma resposta ao texto publicado também nesta terça-feira pelo jornal O Globo que destaca o sorriso de Mônica nos dias da prisão e da na soltura.
“Ela (Mônica) ri até quando chora. Ela sorriu desmedidamente até no dia que eu fui visitar ela numa penitenciária de segurança máxima, onde ela ficou 45 dias. Me deixaram vê-la depois de 30 dias que ela passou em período de ‘triagem’, onde só podia tomar banho de sol três vezes por semana, passava todo o resto do tempo trancada numa cela de dois metros”, diz Alice.
Segundo a estudante, Mônica chegou a passar dois dias sem luz em uma cela, teve as costelas machucadas devido à má qualidade do colchão da carceragem e era submetida a revistas íntimas todas vezes que fala com seus advogados.
“Ficou as primeiras 48 horas seguidas nessa mesma cela, sem luz nenhuma. Sem saber que horas eram, sem poder pedir pra que os seus advogados trouxessem uma lâmpada, afinal, eram regras do presídio. Sem acesso a uma caneta pra escrever uma carta pros filhos dela. Com as costelas machucadas porque estava dormindo num colchão fino que fazia com que ralasse as costas a noite toda. Ah, ela estava na ala das prisioneiras do PCC, umas das mais perigosas do País”, diz a carta.
De acordo com Alice, apesar das dificuldades a publicitária manteve o bom humor enquanto esteve presa.
“Cada vez que ela tinha que ver um advogado, o que acontecia diariamente, ela precisava fazer aquela revista humilhante, sem roupa alguma.. Mas sabe o que ela fez nessas 3 horas que permitiram que eu ficasse com ela? Ela sorriu. Riu, deu gargalhada de cada história que contei. Sorriu com a alma mesmo, riu de chorar”, diz a estudante.
Procurada, a Justiça Federal no Paraná não quis se manifestar.