Responsável por assessorar a Presidência da República na condução do lema deste segundo governo de Dilma Rousseff, “Brasil: Pátria Educadora”, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, defendeu na manhã desta quarta-feira, 29, a mudança no modo de ensino praticado no País e o estabelecimento de uma espécie de pacto federativo da educação. Ele participa de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

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“Avançamos muito na ampliação ao acesso ao ensino básico. Agora, porém, a onda de ampliação do acesso precisa ser seguida por uma onda de qualificação. A qualidade é o nosso foco imediato”, disse Unger. “É preciso mudar a maneira de aprender e ensinar no Brasil. A tradição é de enciclopedismo raso e informativo. Nosso ensino tem sido baseado na decoreba e fixado na enciclopédia. O melhor aluno é como se fosse aquele que conseguisse decorar a enciclopédia”, afirmou o ministro.

Para Unger, a natureza do Brasil é diferente e, por isso, é preciso “tirar a camisa de força” que limita a educação nacional. “O Brasil é uma grande anarquia criadora. O atributo mais importante do nosso País é a sua vitalidade”, disse o ministro. “Precisamos reorientar as diretrizes da educação do Brasil, triando a camisa de força e instituindo uma maneira de aprender e ensinar que privilegie as capacitações mais que os dogmas e até mais que os conteúdos”.

O ministro afirmou ser necessário fazer uma revisão curricular enxugando o número de disciplinas e mudando o foco do ensino e do aprendizado. Para Unger, o foco devem ser as competências analíticas, em especial, interpretação de texto e raciocínio lógico.

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“Quero libertar a genialidade brasileira”, afirmou. “O conteúdo é muito menos importante. O que vale é que ele seja abordado com profundidade”, disse o ministro. “Aprende-se fazendo, criticando e criando. E, para isso, é preciso haver profundidade. Profundidade conta mais que abrangência. Um ensino mais organizado em torno de projetos que de conteúdos consagrados”.

Cooperação federativa

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O ministro defendeu também a criação de uma espécie de pacto federativo para a educação semelhante ao que acontece na saúde com o SUS, que define atribuições complementares a municípios, Estados e União. “Não temos na educação um desenho institucional análogo ao sistema unificado da saúde. Mas temos no regime legal e constitucional brechas, aberturas, oportunidades para a organização da cooperação federativa”, afirmou.

A função da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República é pensar e propor mudanças no sistema de educação nacional. A execução, no entanto, fica a cargo do Ministério da Educação.