Os desentendimentos entre ruralistas e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, antes restritos às questões ambientais, descambaram ontem para agressões e ofensas entre as duas partes. Num ato de agricultores familiares em frente ao órgão que dirige, Minc defendeu tratamento diferenciado para eles no Código Florestal e sugeriu que ficassem longe dos ruralistas, porque estes, segundo o ministro, não são confiáveis. Os ruralistas reagiram imediatamente.
Com um boné da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma das entidades que organizaram o Grito da Terra e promoveram manifestações, em Brasília, Minc afirmou que a boa aliança é com o meio ambiente e não com os ruralistas. E atacou os representantes do agronegócio. “Os ruralistas encolheram o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar. É conversa para boi dormir. Não se deixem enganar. São vigaristas. Não é a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) que fala em nome da agricultura familiar, é a Contag e outros movimentos sociais”, disse Minc.
Em seguida, o líder do DEM na Câmara e um dos defensores da bandeira dos ruralistas, Ronaldo Caiado (GO), foi à tribuna rebater o ministro. “Esse ministro não tem moral para criticar os ruralistas. Ele tem ligação com o tráfico da Rocinha e do Morro do Borel, tanto para se manter financeiramente quanto para o consumo”, atacou Caiado.
Minc não quis responder ao parlamentar. Mas, por intermédio do líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), mandou um pedido de desculpas aos ruralistas. Ele afirmou que não havia pensado em agredi-los e que deseja manter o diálogo. Por fim, Minc disse que publicamente queria retirar todas as expressões que pudessem ser consideradas agressivas. Caiado, ao contrário do ministro, não retirou nada do que disse.