A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse nesta quinta-feira, 14, que a exumação do ex-presidente João Goulart (1919-1976) é um “dever de honra do Estado”. Segundo a ministra, os restos mortais de Jango, que chegaram a Brasília nesta quinta-feira, pela manhã, deverão retornar a São Borja (RS) no início de dezembro. “Este é um dever de honra do Estado brasileiro, isso não é uma doação de uma secretaria, de um ministério”, afirmou a ministra.
A cerimônia da chegada à Base Aérea de Brasília dos restos mortais de Jango durou cerca de 25 minutos, acompanhada pela presidente Dilma Rousseff, pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor e José Sarney, 24 ministros e familiares. O corpo de Jango foi recebido com honras de chefe de Estado.
Inicialmente prevista para as 10h, a solenidade acabou remarcada para as 12h, em virtude dos atrasos na exumação, realizada madrugada adentro no Rio Grande do Sul. Transportada em um avião da Força Aérea Brasileira, a urna foi escoltada por 12 batedores com fuzileiros navais da Polícia do Exército. Após a cerimônia, os restos mortais do ex-presidente foram levados ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, onde será feita a análise pericial.
Questionada sobre os custos envolvidos com a exumação e o transporte dos restos mortais, Maria do Rosário respondeu: “Olha, nós não temos ainda o conjunto dos investimentos que fizemos, mas eu volto a dizer que tudo que realizamos aqui não é possível comparar com o custo das vidas, do exílio e da morte que foi praticado no período da ditadura militar.”
De acordo com a ministra, no dia 5 ou 6 de dezembro, serão devolvidos os restos mortais de João Goulart à cidade de São Borja. “E aí partiremos a uma nova etapa, que é justamente a análise das amostras. Agora o tempo necessário é um tempo que só os peritos podem dizer. E a coordenação desse processo é do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal”, observou a ministra.
O objetivo da perícia é constatar a causa da morte de Jango – a família suspeita de envenenamento. Para a viúva do ex-presidente, Maria Tereza Goulart, nenhuma hipótese está descartada. “Essa hipótese (de morte natural) também é viável, todas são consideradas. De qualquer maneira, é importante (a perícia)”, disse a viúva. Ela destacou, porém, que a decisão de realizar neste momento a análise representa “coragem e reconhecimento pelo presidente que ele foi”.