A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu hoje que o projeto de lei que cria a Comissão da Verdade seja votado pela Câmara ainda este ano. Ela vê dificuldades da proposta ser apreciada em 2012, ano de eleições municipais. A ministra considerou que a saída de Nelson Jobim do comando do Ministério da Defesa não atrapalha as negociações em torno da iniciativa.

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Ela ressaltou que tem se empenhado pela aprovação da proposta que visa esclarecer casos de violação de direitos humanos durante a ditadura militar. “Eu peço que a gente tenha a aprovação neste ano, porque 2012 é ano eleitoral e tudo fica mais difícil”, afirmou após participar de audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O projeto de lei que cria a Comissão foi enviado ao Congresso em maio de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em discurso a deputados estaduais e entidades sociais, a ministra defendeu que os governos municipal, estadual e federal trabalhem juntos em uma política pública de atendimento às crianças. Cobrou do governo de São Paulo a criação de uma Comissão Estadual de Combate ao Trabalho Escravo. Segundo ela, 15 Estados já possuem o órgão de direitos humanos, que contribui com a fiscalização de práticas análogas à escravidão.

Rosário também criticou a presença, no site da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), de uma menção que sinaliza apoio ao golpe militar de 1964. “Eu considero que todos os Estados da Federação devem fazer o seu esforço pelo direito à verdade, à memória e à democracia. E na página oficial de um governo estadual, num período democrático, onde se faz homenagem à deposição de um presidente eu me senti aviltada de fato por isso”, criticou. “Tenho certeza de que o governador Geraldo Alckmin tomará providências diante de tal fato”, cobrou, salientando que não se pode comemorar num regime democrático a violação do Estado de Direito.

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