Relatório recém-concluído pelo Ministério da Transparência, que será divulgado nesta quinta-feira, 22, propõe que lobistas passem a ser identificados e credenciados para atuar em prol de empresas e entidades no governo federal. O documento, elaborado por um grupo de trabalho formado na pasta, visa subsidiar discussões com a sociedade civil para que, mais adiante, seja publicado um regulamento da atividade de “defesa de interesses” perante o Executivo.

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O relatório não descreve o modelo de cadastramento a ser adotado. O governo agora ouvirá interessados para colher ideias sobre o melhor sistema a ser posto em prática. O ministro Torquato Jardim tem dito apenas, em eventos públicos, que não concorda em transformar a Transparência num “cartório” de registro de profissionais. Conforme fontes que participam das discussões, a tendência é que o credenciamento seja descentralizado.

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A identificação dos lobistas daria mais transparência à atividade de lobby, permitindo à sociedade saber para quem cada profissional atua e com quais propósitos. Como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo em julho, o governo trabalha com a hipótese de instituir o regulamento por decreto. Ele traria diretrizes para todo o governo federal. A norma só alcançaria o Executivo, pois o Judiciário e o Legislativo são independentes e já criaram regras próprias.

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Até agora, o País normatizou só parcialmente a chamada “representação de interesses”. Há alguns limites impostos ao servidor público no relacionamento com particulares, como a lei que proíbe o recebimento de presentes acima de R$ 100 e a que determina quarentena de seis meses para autoridades detentoras de informações privilegiadas migrarem para iniciativa privada. Foram criadas regras para que o agente público faça audiências com particulares e participe de eventos privados. No entanto, falta um controle específico sobre a atuação dos lobistas.

“Estabelecer parâmetros cria um ambiente saudável para que as demandas cheguem ao Estado e ele possa tomar as decisões corretas. Nos Estados Unidos, criaram padrões éticos. Ao fazê-lo, inibe-se o processo de corrupção”, comenta o ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) Luís Inácio Adams, diretor do Instituto de Estudos em Relações Governamentais e Políticas Públicas, recém-criado para promover capacitação de profissionais na área.