O senador Delcídio Amaral (sem partido – MS) voltou nesta segunda-feira, 9, ao Senado Federal, depois de mais de cinco meses de seu afastamento por prisão preventiva, para se defender do processo de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Delcídio defendeu que o plano de fuga que traçou na gravação que foi usada pela Polícia Federal para prendê-lo em flagrante nunca se concretizou.

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“A questão da fuga é um negócio mirabolante, mas não aconteceu nada. Eu não falei com nenhum ministro, as minhas agendas são públicas e deixaram claro que não houve nenhuma ação minha. Por mais absurda e inconsequente que tenha sido minha fala – a minha fala foi absurda -, mas nada aconteceu”, argumentou o senador.

Delcídio foi preso preventivamente em novembro do ano passado acusado de obstruir as investigações da operação Lava Jato. A principal prova usada pela Justiça foi uma gravação em que Delcídio supostamente traçava um plano de fuga para o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, também alvo da investigação. O áudio foi registrado pelo filho Bernardo Cerveró.

“É como se eu recebesse um filho de um amigo meu e, numa conversa em casa, ele fizesse uma gravação e usasse essa gravação contra mim”, disse Delcídio. Ele também criticou a legitimidade da gravação, que foi feita por Bernardo, e não pela pessoa com quem ele conversava, no caso, o advogado de Cerveró. O senador, assim como sua defesa, reclamou que o Conselho de Ética não aceitou fazer uma perícia no áudio, para saber se ele foi editado ou cortado.

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Segundo o senador, em dado momento da conversa, ele falava ao advogado de Cerveró da importância de “fazer o possível para deixar Nestor Cerveró tranquilo aqui”. Para Delcídio, essa frase deixa claro que ele não tramava uma fuga, mas que ele nunca viu ninguém se referir a isso ao longo do processo.

Choro

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Ao iniciar sua fala na comissão, Delcídio pediu desculpas “ao povo brasileiro e, principalmente, ao povo de seu Estado”, Mato Grosso do Sul. Ele também agradeceu a sua família, esposa e filha, que durante esses meses “enfrentaram situações extremamente difíceis”. Neste momento, o senador se emocionou e chorou. Ele disse que “assume o seu erro” e pediu perdão.

Após ouvir Delcídio, a CCJ deve votar o parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que defendeu que há constitucionalidade na cassação de Delcídio. Caso o parecer seja aprovado, a votação segue para o plenário, onde o senador pode ser afastado definitivamente.