Um dia após chamar os empresários do agronegócio de “vigaristas” e de criticar indiretamente o colega da Agricultura, Reinhold Stephanes, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, virou ontem as baterias da polêmica para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, por tabela, acertou três outros ministros – Dilma Rousseff (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia) e Alfredo Nascimento (Transportes). Ao final de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, Minc acusou os colegas de ministério de não respeitarem acordos e fazerem jogo duplo no Congresso.
“Vários ministros combinavam uma coisa aqui (com Lula) e depois iam ao Parlamento, cada um com a sua machadinha, patrocinar emendas que esquartejavam e desfiguravam a legislação ambiental.” Minc negou que tenha intenção de deixar o governo. A reportagem do Estado apurou que o presidente não gostou das novas críticas e decidiu que, “na hora apropriada”, vai chamar Minc para conversar sobre os ataques aos colegas e ao PAC.
Em entrevista, Minc voltou a criticar ontem os ruralistas. “Eu adverti os agricultores familiares que setores dos ruralistas que desmatam muito, têm monocultura, usam agrotóxicos e fazem queimadas estão aterrorizando os pequenos produtores para jogá-los contra as leis ambientais”, afirmou. “Disse para eles não ouvirem esse canto da sereia, que a boa aliança deles era com os ambientalistas.”
Minc ainda comentou a reação de deputados da bancada ruralista com sua declaração de que eram “vigaristas”. O goiano Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou a dizer que Minc tem ligação com o tráfico carioca. “Fui mal interpretado por alguns parlamentares e fui ofendido por eles”, disse Minc. “Mas estou acostumado com embate parlamentar.”