Minc descarta processo contra Puccinelli

Um dia após ter sido chamado de “veado” e “fumador de maconha” pelo governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), o ministro da Meio Ambiente, Carlos Minc, reagiu com insinuações. “Ele (Puccinelli) que saia do armário tranquilo, pois nós defendemos todos os homossexuais, assumidos ou enrustidos”, respondeu o ministro. Ele disse que não vai abrir processo contra Puccinelli pelas agressões, mas não abriu mão de prolongar a polêmica.

Defensor do plantio de cana para produção de etanol no entorno do Pantanal, o governador deu a declaração ontem, durante encontro com empresários e políticos da região, sem se incomodar com a presença de jornalistas na plateia. Ao comentar as restrições ao plantio de cana na Bacia do Alto Paraguai, previstas no zoneamento agroecológico lançado por Minc na semana passada, Puccinelli chegou a fazer uma ameaça insólita, caso o ministro viesse participar da minimaratona ecológica a se realizar no estado. “Eu corro atrás dele e o estupro em praça pública”, disse, diante de risos do público.

Em pouco tempo, as declarações estavam na Internet, deixando Puccinelli em saia justa. Depois, o governador tentou se desculpar, mas Minc não quis conversa. “Ele (Puccinelli) perdeu o controle e mostrou o seu verdadeiro eu de forma desassombrada, manifestando preconceito”, observou o ministro. Citando Siegmund Freud, o pai da psicanálise, Minc afirmou ser típico de pessoas que não admitem seu próprio homossexualismo. “Na verdade (essas pessoas) agridem algo que existe dentro deles próprios e que não aceitam”, explicou.

Em meio à baixaria, o governador deu uma declaração pública hoje, na tentativa de encerrar o assunto. “Era um bate papo informal com empresários e, na hora que se conta piadas, se fazem besteiras como essa”, explicou. “Como tornou-se público eu achei que devia pedir desculpas públicas”.

O ministro ressaltou que, à parte as ofensas, o que mais lhe preocupa é “a virulência” do governador contra a preservação do Pantanal, “um paraíso ambiental para o qual os olhos do mundo estão voltados”. Ele informou que tinha conversado com o governador dois meses antes do lançamento do zoneamento, explicando as medidas e presumido a concordância de Puccinelli.

O Mato Grosso do Sul, segundo o ministro, tem 9 milhões de hectares férteis, fora da bacia do Alto Paraguai, considerados aptos à produção canavieira. O Estado, acrescentou o ministro, tem lei que veda construção de usinas e a produção de cana na área de influência do Pantanal. “Ele (Puccinelli) achou interessante, ficou de estudar e agora veio com essa histeria”, disse o ministro.

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