Dois militares perseguidos pela ditadura prestaram depoimento nesta segunda-feira a integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. Os filhos de três militares que também se opuseram ao regime também foram ouvidos.

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José Bezerra da Silva, ex-cabo da Aeronáutica, contou que foi torturado na Base Aérea do Galeão, onde serviu entre 1971 e 1979. Ele disse ainda ter visto o militante Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, chegar preso à base. Stuart morreu em decorrência das torturas.

“Os carros que entravam lá eram viaturas da Polícia do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Havia dois opalas, um bege e um cinza, que também entravam. Nós tínhamos que deixar eles passarem. Desses carros, saiam os presos, às vezes com capuzes, outras vezes dentro de sacos. Eles eram levados para o subterrâneo, e eram submetidos a torturas terríveis”, contou Silva.

Ele apontou, em uma foto aérea da base, os pontos em que os presos políticos eram torturados. Hoje o local é um parque. “Eu acredito que esse presídio esteja coberto só por grama. Mas está lá, está tudo lá. Não tem nada queimado. Funcionário público não queima documento público”.

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Também foram ouvidos Belmiro Demétrio, que serviu em Canoas, e foi perseguido por ter manifestado apoio ao presidente João Goulart; Cláudia Gerpe Duarte, filha do major-brigadeiro Fausto da Silveira Gerpe, Carlos Augusto da Costa Rodrigues, filho do coronel Dagoberto Rodrigues, e Pedro Moreira Lima, filho do brigadeiro Rui Moreira Lima depuseram às Comissões. Estão previstos para esta terça-feira os depoimento outros seis militares perseguidos.