As 60 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que invadiram há um mês a fazenda Mamedine, em Borebi, no interior de São Paulo, foram retiradas da área hoje pela Polícia Militar. Com a chegada da Polícia, os sem-terra decidiram desmontar os barracos e desocupar a propriedade. A maioria das famílias despejadas foi para o acampamento Oziel Alves, localizado na região.
A reintegração de posse foi dada pela Justiça atendendo a ação movida pela empresa Lutepel, dona das terras. A empresa é fabricante de papel, mas a área estava ocupada com pastagens e cana-de-açúcar. O MST alega que a fazenda faz parte do Núcleo Monção, uma grande gleba de terras que pertenceria à União. A área é próxima da fazenda Santo Henrique, da Cutrale, invadida e depredada por integrantes do MST no ano passado. Na época, os invasores destruíram 12 mil pés de laranja.
Funcionários da empresa vistoriavam o terreno desocupado, no final desta tarde, para verificar eventuais prejuízos. Já havia sido constatada a destruição de parte de um canavial. Um dos líderes dos sem-terra, Paulo Beraldo, disse que a área não tinha lavoura, nem benfeitoria.
Segundo o líder, as ações na região devem continuar até que o governo retome as terras públicas que foram ocupadas irregularmente por grandes empresas. Pelas contas do MST, a região tem 40 mil hectares remanescentes do Núcleo Colonial Monções, adquirido pela União em 1909 para um projeto de colonização. As terras se espalham pelos municípios de Agudos, Borebi, Lençóis Paulista, Iaras e Águas de Santa Bárbara, no interior paulista.