O presidente nacional do PMDB e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, voltou a defender ontem em Curitiba o voto majoritário e a fidelidade partidária dentro da reforma política. Temer esteve na capital para proferir uma palestra no Tribunal de Contas do Paraná, a convite do presidente do TC, conselheiro Nestor Baptista e do vice-presidente Henrique Naigeboren.
Ele criticou a falta de limites nas escutas telefônicas durante investigações no País, e disse que o partido vem acompanhando com atenção os escândalos envolvendo os senadores peemedebistas Joaquim Roriz e Renan Calheiros.
Para Temer, antes de pensar em uma reforma política ou dos políticos, seria preciso passar por uma reforma eleitoral para aprimorar os que chegam ao legislativo. Ele acha que a lentidão com que a reforma política vem sendo discutida no Congresso é, de certa forma, positiva, já que possibilita ouvir todos os segmentos da sociedade. ?Se fosse para ser rápida, o presidente Lula chamaria um assessor para o qual diria todos os pontos que queria na reforma política e baixaria uma medida provisória?, ponderou.
Como proposta à reforma, o presidente do PMDB disse que o partido está defendendo uma corrente para o voto majoritário, e não proporcional, como existe hoje. Para ele, essa seria a reforma que a população entenderia. ?Hoje, a grande maioria da população não entende porque o deputado que teve 80 mil votos não é eleito e aquele que recebeu apenas 245 votos se elege?, falou. Temer argumenta ainda que isso estaria atrelado à tese da fidelidade partidária absoluta.
Sobre o caso do senador Joaquim Roriz, que foi flagrado em escutas telefônicas durante uma operação policial, negociando com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília, Tarcísio de Moura, o desconto de um cheque de R$ 2,2 milhões, do Banco do Brasil, que supostamente seria dado em parte para o empresário Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas, Temer disse que o partido vem acompanhando o caso. Porém, lamenta que Roriz ?não é um homem de argumentos? e que tem dificuldades de se expressar.
Já em relação a Renan Calheiros, Temer disse que ele tem apresentado provas para sustentar suas afirmações, e cabe agora eliminar as questões políticas para ficar apenas a questão privada. Temer criticou a falta de limites que vem ocorrendo em investigações com escutas telefônicas, principalmente pelo vazamento das informações. Ele afirma não ser contra as investigações, mas que estava havendo um desrespeito à Constituição Federal no tocante ao direito à intimidade.