O governador Roberto Requião (PMDB) não se entusiasmou com a articulação dos senadores Renan Calheiros e José Sarney para relançar seu nome na disputa pela indicação, para ser o candidato do partido à presidência da República e costurar um acordo com o PDT do Paraná para a sucessão estadual. "O meu objetivo é o Paraná", reagiu o governador, que já esteve interessado em concorrer às prévias do partido, mas recuou da idéia há cerca de dois meses, quando percebeu que a tese da candidatura própria do PMDB não era tão sólida como aparentava inicialmente.
Requião disse que ainda não foi procurado por Renan Calheiros, que já conversou com o senador Osmar Dias (PDT) para sondar a possibilidade de um acordo no Paraná. Para o governador, as incertezas do cenário nacional e, principalmente, as fragilidades e disputas internas do seu próprio partido, não recomendam sua entrada no processo.
Para seus interlocutores mais próximos, o governador já confessou que considera a oferta peemedebista "uma fria". A avaliação é que ele tem chances de ganhar a prévia do partido, que está marcada para março, mas não há nenhuma garantia de ter, depois de indicado candidato, a sustentação de todo o partido na campanha eleitoral.
Confiança
Para alguns peemedebistas próximos a Requião, como o vice-governador Orlando Pessuti, não há como confiar cegamente na disposição do partido de levar até o fim a disposição de lançar um candidato à sucessão presidencial. "Diante do quadro de insegurança nacional, nós temos definido que é preciso fincar posição em favor de uma candidatura ao governo do Estado", afirmou o vice-governador.
Pessuti disse que sempre defendeu a candidatura própria do PMDB à presidência da República, mas o partido está fragmentado em relação ao assunto. "Tem gente que defende a candidatura própria. Tem gente que defende indicarmos o vice do Lula e tem aqueles que acham que deveríamos indicar o vice do PSDB. Aqui, no Paraná, ao contrário, nós temos uma única certeza, que é a candidatura à reeleição do Requião e num quadro muito mais favorável do que em 2003", declarou o vice-governador.
Pessuti relembrou que já acompanhou Requião em três tentativas de obter o apoio nacional do partido para disputar uma eleição presidencial: em 94, em 98 e em 2002. Da primeira vez, Requião disputou com o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, que acabou candidato, mas foi abandonado pelo partido. Nos anos seguintes, o partido não lançou candidato.
Para Pessuti, a iniciativa de Renan e Sarney é uma demonstração de que o governador do Paraná tem as condições para concorrer. "É um gesto significativo dos dois. Até porque nenhum deles estava mobilizado pela candidatura própria até agora", comentou.
Aproximação
Sobre o movimento de aproximação dos tucanos e a abertura de diálogo com o PDT, o vice-governador acha possível e desejável um acordo com os dois partidos. "Muitos do PSDB do Paraná e do PDT têm como origem o PMDB e o antigo MDB. Já fomos companheiros de uma mesma jornada política. Não vejo dificuldade nenhuma", afirmou.
Pessuti citou que há muitas afinidades entre o PMDB e o senador Osmar Dias. Em 2002, parte do PMDB trabalhou e elegeu ao Senado o ex-governador Paulo Pimentel e o petista Flávio Arns. Mas uma outra expressiva ala do partido que trabalhou para Osmar e Pimentel, destacou. "O PMDB nunca trabalhou contra o Osmar. Ele é que trabalhou contra nós, algumas vezes", declarou.
