Foto: José Cruz/Agência Brasil |
Mentor (à esquerda) sorri: maioria contra ele não foi suficiente para cassar o mandato. |
Em mais um julgamento com baixa presença de deputados, o que beneficia o acusado, e em que mais uma vez prevaleceu o pouco caso com a opinião pública, a Câmara dos Deputados absolveu ontem o deputado José Mentor (PT-SP). Ele foi acusado pela CPMI dos Correios de ter recebido R$ 120 mil do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Mentor obteve apenas 175 votos a seu favor. Pela cassação, votaram 241 deputados. Houve ainda 8 abstenções, 6 votos em branco e 2 nulos. Apesar de a maioria optar pela perda do mandato, Mentor se livrou, porque para a cassação são necessários 257 votos (metade mais um dos 513 deputados). Portanto, faltaram 16 votos para que Mentor perdesse o mandato.
À sessão compareceram 432 dos 513 deputados, segunda menor presença em todos os 12 atos de julgamento ocorridos até agora – o menor quorum foi o da sessão que absolveu o deputado João Magno (PT-MG), quando compareceram apenas 426 deputados. Naquela sessão, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) ensaiou os passos da dança da pizza, ao saber que Magno havia se livrado. Para a cassação são necessários no mínimo 257 votos.
Mentor foi o nono dos 19 parlamentares acusados de envolvimento com o mensalão a ser absolvido. Antes dele livraram-se da degola João Magno, João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), Romeu Queiroz (PTB-MG), Sandro Mabel (PL-GO) e Wanderval Santos (PL-SP).
Cassados foram apenas três: José Dirceu (PT-SP), Pedro Correa (PP-PE) e Roberto Jefferson (PTB-RJ). Renunciaram para fugir do processo de cassação os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PL-SP) Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Paulo Rocha (PT-PA). Falta o julgamento de Josias Gomes da Silva (PT-BA), José Janene (PP-PR) e Vadão Gomes (PP-SP).