Para liquidar a eleição no primeiro turno e evitar a ascensão do petista Rui Costa, o candidato do DEM ao governo da Bahia, Paulo Souto, intensificou em sua campanha a utilização de uma denúncia de um suposto esquema de desvios de recursos públicos federais e estaduais que seriam destinados à construção de habitações populares para o financiamento de candidaturas do PT no Estado.
A acusação, que vem sendo chamada de “mensalinho baiano”, tem dado o tom da campanha no Estado e tem sido o tema central da propaganda eleitoral na TV e assunto recorrente nos debates. Mas, por ora, sem obter o resultado almejado, segundo os trackings internos das campanhas.
Nas últimas pesquisas, as intenções de voto de Paulo Souto, que lidera isolado a corrida pelo governo do Estado, têm oscilado para baixo enquanto Rui Costa vem subindo. Em levantamento do Ibope da semana passada, Souto tinha 43% das intenções de voto e Costa, 27%. Na pesquisa anterior, a distância era maior: 46% e 24%, respectivamente.
No debate de segunda-feira (29) promovido pela TV Record, Souto disse que o fato novo da denúncia “foi a relação com o Partido dos Trabalhadores”.
Ontem, em campanha de rua, o prefeito de Salvador, ACM Neto, fiador da campanha de Souto, disse tratar-se “de um caminho por demais conhecido, como o ‘mensalão’, que disseram ser uma invenção de Roberto Jefferson, e, após apuração, mandou muitos companheiros de Jaques Wagner para a cadeia”, afirmou.
No “mensalinho baiano”, a delatora é Dalva Sele Paiva, ex-presidente da ONG Instituto Brasil de Preservação Ambiental. À revista Veja, ela afirmou que a entidade foi criada para ajudar a financiar campanhas eleitorais do PT na Bahia. O instituto recebia os recursos, simulava a prestação do serviço e repassava o dinheiro para candidatos do partido.
O caso é investigado pelo Ministério Público do Estado da Bahia desde 2010, quando surgiram as primeiras denúncias. O PT diz que Dalva responde a 17 processos na Justiça e que o Instituto Brasil foi contratado também pelo governo de Paulo Souto em 2006. Quatro anos depois, segundo a campanha petista, o contrato com a ONG foi suspenso por Jaques Wagner.
O “mensalinho baiano” provoca disputa também na Justiça eleitoral baiana. A oposição reclamou na segunda-feira de “censura prévia” por parte do juiz Cláudio Cesare Braga Pereira, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), que acatou mandado de segurança do PT para impedir de exibir, no horário político, o escândalo do Instituto Brasil.
Na segunda-feira mesmo, outro juiz, Wanderley Gomes, concedeu liminar que, na prática, revogou a sentença do seu colega, autorizando o DEM a tratar do assunto, desde que em outros programas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.